
O amanhã dá medo
O medo se instalou. Quero dizer que, há uma ou duas décadas, se desenvolveram sociedades do medo. O estrangeiro, em primeiro lugar, é o espantalho que agitamos para explicar a insegurança, o desemprego, a perda de autenticidade. A poupança dá medo, somas consideráveis podem se volatilizar em algumas horas, a mídia exagerou os riscos e as hipotecas despencam.
A escola e mais genericamente os serviços públicos dão medo, procura-se culpabilizar cada cidadão dando a entender que custam muito caro, que é preciso reduzir, apertar os cintos. A saúde dá medo, com pandemias anunciadas com frequência, com as unidades de terapia intensiva e as urgências saturadas. Os transportes causam medo, a meteorologia dá medo. Em janeiro, já imaginamos o alerta com o nível das águas, as inundações temidas, o rio Sena invadindo Paris.
Se essa sociedade do medo está instalada nos países ditos desenvolvidos, é porque os políticos jogaram esse jogo perigoso, que consiste a dar o alerta do lobo para se apresentarem como salvadores. Cria-se o medo para melhor confortar depois. Mas o medo já ganhou tanto terreno que vai transbordar os diques. Um clima se instalou, cuja evolução é tão aleatória quanto a meteorologia. Os aprendizes de bruxas continuam cheios de certezas, eles afirmam e mostram números, previsões, balanços, eles afirmam seus supostos méritos, mais não acreditamos mais. Eles se enganaram com frequência. Temos medo.
O medo se instalou. Quero dizer que, há uma ou duas décadas, se desenvolveram sociedades do medo. O estrangeiro, em primeiro lugar, é o espantalho que agitamos para explicar a insegurança, o desemprego, a perda de autenticidade. A poupança dá medo, somas consideráveis podem se volatilizar em algumas horas, a mídia exagerou os riscos e as hipotecas despencam.
A escola e mais genericamente os serviços públicos dão medo, procura-se culpabilizar cada cidadão dando a entender que custam muito caro, que é preciso reduzir, apertar os cintos. A saúde dá medo, com pandemias anunciadas com frequência, com as unidades de terapia intensiva e as urgências saturadas. Os transportes causam medo, a meteorologia dá medo. Em janeiro, já imaginamos o alerta com o nível das águas, as inundações temidas, o rio Sena invadindo Paris.
Se essa sociedade do medo está instalada nos países ditos desenvolvidos, é porque os políticos jogaram esse jogo perigoso, que consiste a dar o alerta do lobo para se apresentarem como salvadores. Cria-se o medo para melhor confortar depois. Mas o medo já ganhou tanto terreno que vai transbordar os diques. Um clima se instalou, cuja evolução é tão aleatória quanto a meteorologia. Os aprendizes de bruxas continuam cheios de certezas, eles afirmam e mostram números, previsões, balanços, eles afirmam seus supostos méritos, mais não acreditamos mais. Eles se enganaram com frequência. Temos medo.
Clima de medo
O que é triste, e mesmo aflitivo, é ver se repetir o pior, sem que a História seja capaz de servir de lição. Berlusconi não é Mussolini. Não estamos mais no óleo de rícino, mas será que melhor? Somos simplesmente mais modernos, mais técnicos ou midiáticos? As retóricas dos governos frente a crise lembram frequentemente a época do general Petain, em particular o sarkozismo e suas perigosas colorações – mesmo se não exatamente a mesma coisa.
“O senhor exagerou, aproveitou-se, os egoísmos pensaram satisfazer seu prazer, a moral se degradou, vivemos acima dos nossos meios, e agora temos de fazer sacrifícios, temos de pagar.”
Os gregos, os irlandeses, amanhã os portugueses e os espanhóis: é sempre a mesma música, administrada a pessoas que nada podem e não têm qualquer responsabilidade em tudo isso, como nada podiam as populações dos anos 1930 (com exceção do voto, é verdade, que eles utilizaram mal, não se pode esquecer).
Esse clima de medo se generalizou há duas décadas, geralmente com maiorias de direita (repercutidas pela mídia sem nenhuma visão a longo prazo), e deveríamos nos surpreender dessa proveniência política. De fato, o capitalismo é fundamentalmente construído sobre a confiança dos indivíduos e das instituições que todos, cada qual em seu lugar, fazer circular bens materiais ou financeiros. Dito de outra maneira, o liberalismo (expressão doutrinal do capitalismo) deveria espalhar confiança e não medo como insiste em fazer há muito tempo.
A confiança é um valor coletivo
Precisamos dos estrangeiros, dos fluxos migratórios, que e sempre soubemos regular através dos séculos; precisamos de investimentos, de pesquisa, de serviços eficazes, de formação, de educação, de circulação, porque somos sociedades evoluídas, ou ditas “avançadas”, que somos levados há dois séculos pelo progresso, a modernidade, a confiança em um amanhã melhor do que hoje. É isso que gostaríamos de ouvir para romper esse círculo vicioso da confiança. A confiança no outro, a confiança em uma força comum.
Estamos cheios de negativismo, de catastrofismo. Por outro lado, sabemos a que desastres e abominações nos levara as políticas voluntaristas da felicidade para todos. A felicidade é algo individual, íntimo, e não se pode fazer dela uma causa coletiva. A confiança é um valor coletivo. Gostaria que novamente desenvolvêssemos a ambição de viver bem juntos, conjurando (principalmente pelo riso) os medos, inventando a realidade em vez de ser submisso a ela.
Aí então a menina de Porrentruy não será mais uma exceção, ou uma lembrança nostálgica, mas um modelo simpático.
“O senhor exagerou, aproveitou-se, os egoísmos pensaram satisfazer seu prazer, a moral se degradou, vivemos acima dos nossos meios, e agora temos de fazer sacrifícios, temos de pagar.”
Os gregos, os irlandeses, amanhã os portugueses e os espanhóis: é sempre a mesma música, administrada a pessoas que nada podem e não têm qualquer responsabilidade em tudo isso, como nada podiam as populações dos anos 1930 (com exceção do voto, é verdade, que eles utilizaram mal, não se pode esquecer).
Esse clima de medo se generalizou há duas décadas, geralmente com maiorias de direita (repercutidas pela mídia sem nenhuma visão a longo prazo), e deveríamos nos surpreender dessa proveniência política. De fato, o capitalismo é fundamentalmente construído sobre a confiança dos indivíduos e das instituições que todos, cada qual em seu lugar, fazer circular bens materiais ou financeiros. Dito de outra maneira, o liberalismo (expressão doutrinal do capitalismo) deveria espalhar confiança e não medo como insiste em fazer há muito tempo.
A confiança é um valor coletivo
Precisamos dos estrangeiros, dos fluxos migratórios, que e sempre soubemos regular através dos séculos; precisamos de investimentos, de pesquisa, de serviços eficazes, de formação, de educação, de circulação, porque somos sociedades evoluídas, ou ditas “avançadas”, que somos levados há dois séculos pelo progresso, a modernidade, a confiança em um amanhã melhor do que hoje. É isso que gostaríamos de ouvir para romper esse círculo vicioso da confiança. A confiança no outro, a confiança em uma força comum.
Estamos cheios de negativismo, de catastrofismo. Por outro lado, sabemos a que desastres e abominações nos levara as políticas voluntaristas da felicidade para todos. A felicidade é algo individual, íntimo, e não se pode fazer dela uma causa coletiva. A confiança é um valor coletivo. Gostaria que novamente desenvolvêssemos a ambição de viver bem juntos, conjurando (principalmente pelo riso) os medos, inventando a realidade em vez de ser submisso a ela.
Aí então a menina de Porrentruy não será mais uma exceção, ou uma lembrança nostálgica, mas um modelo simpático.

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