
Caravanas do interior do Estado devem engrossar o ato do dia 09/11/2011Os trabalhadores em educação em greve contarão com um reforço a mais no dia 09 de novembro, onde a categoria realizará a “Marcha da Indignação”, com concentração a partir das 08:30h. no Trevo do Satélite, em passeata até à SEDUC. As caravanas vindas dos municípios devem confirmar presença, onde a categoria promete realizar um dos maiores atos da greve. Pressão no governo Jateve para liberar recursos para o piso do professores. A greve dos trabalhadores em educação pública do estado continua! Nossa categoria não abre mão do direito de greve e de decidir sobre o rumo de seu atual movimento, único e legitimo recurso que restou ao SINTEPP para fazer valer a Lei Federal Nº 11.738/2008, que estabelece o Piso Salarial Profissional Nacional do Magistério, e a Lei Estadual Nº 7.442/2010, que dispõe sobre o PCCR dos profissionais da educação básica, após vários meses de vãs tentativas de convencer o governo Jatene a cumpri-las.
O tratamento dado pela Justiça às duas partes envolvidas no processo judicial aberto em função da greve é acintosamente desigual: por um lado, criminaliza a greve, determinando a abertura de processos administrativos disciplinares contra os grevistas e o pagamento de multa impagável de R$ 25 mil por dia de paralisação ao SINTEPP, entre outras medidas arbitrárias; por outro lado, concede ao governo o prazo de doze meses a contar de 1º de janeiro do próximo ano para cumprir a lei do piso e a lei do PCCR; uma permissividade agravada pela não previsão de escalonamento e de penalidades ao governo, em persistindo o descumprimento da lei. Para o SINTEPP, não há nenhuma grande surpresa nessa decisão judicial. A justiça costuma desapontar os movimentos sociais e todos os que lutam por seus direitos, com decisões favoráveis aos poderosos e/ou ao Estado que representa os seus interesses. Se necessário, contrariando abertamente decisões do próprio Judiciário, incluindo decisões do Supremo Tribunal Federal, como a que ratificou a legalidade da lei do piso profissional. Uma forma diferenciada de tratar os movimentos sociais que traz resultados previsíveis, em especial nas ações judiciais movidas pelo próprio Estado. O governo e a grande imprensa já haviam antecipado a decisão da Justiça de criminalizar a greve em curso, iniciada no dia 26 de setembro e mantida até esta data apenas pela intransigência do governo. Mas o SINTEPP sabe também que expressa a provada disposição de luta dos trabalhadores em educação do estado e que esses saberão dar uma resposta a altura desse flagrante desrespeito à lei travestido de sentença judicial. Nossa categoria está ciente de que ficando conformada com o descumprimento das leis do piso e do PCCR pelo longo período de 14 meses ditado pela Justiça, não mais terá como reivindicar esses direitos; e qualquer outro direito que o governo teime em lhe negar. A decisão sobre o que fazer depois desse achincalhe da justiça será tomada exclusiva e soberanamente pela própria categoria, em Assembleia Geral deste sindicato. |
Moyers, em um discurso sobre o assunto, diz que muitos se perguntam por que os manifestantes não canalizar sua energia para a área de festa e observa que a democracia
eleitoral não está funcionando neste país, com os líd
eres de ambas as partes para a defesa dos mais ricos , ou como o presidente Barack Obama, aceitando doações enquanto a retórica só denunciando Wall Street e liderança econômica.
Nós celebramos sabendo que as eleições não são susceptíveis de produzir políticas que a maioria dos americanos favor.
Nos expressamos, nós escrevemos, nós defendemos, mas quem está no poder permanecem surdos e cegos para nossas aspirações mais profundas.
Pedimos e apelamos a que orar, mas o mundo é o nosso terreno comum, que deve ser entregue em boas condições para as futuras gerações, continua a ser demitido,
diz Moyers.
Os fatos mostram
Mais de 14 milhões de pessoas estão desempregados, outros 10 milhões não estão cheios, um em cada seis norte-americanos estão em situação de pobreza, mais de 6 milhões perderam suas casas pela crise das hipotecas e mais, enquanto os mais ricos 1 por cento multiplicar sua renda e controle cada vez mais riqueza (e controla 40 por cento), especialmente aqueles relacionados ao setor financeiro.
Os maiores bancos são ainda mais vastos hoje do que quando Obama assumiu o cargo, e está recuperando os níveis de lucro que gozava antes da recessão de 2008, enquanto o Wall Street, casas financeiras conseguiram gerar mais lucros nos dois primeiros anos e meia de Obama que ganhou durante a presidência de oito anos de George W. Bush, informou o Washington Post neste fim de semana.
O setor financeiro, Wall Street fez isso após o colapso resgatados com bilhões em fundos públicos e as políticas do governo que permitiu recuperar a sua posição de destaque na economia. Mas em vez de toda a assistência esse público para regenerar o crescimento econômico, as empresas financeiras de volta para o jogo de casino mesma que provocou a pior crise desde a Grande Depressão. O governo foi tão generosa em seu apoio para os milhões de trabalhadores que estão pagando os custos da crise.
No entanto, este não é preciso muito mais para explicar por que o Movimento ainda está crescendo.
Todo um elenco de figuras, ambos liberais e conservadores, tente novamente e, novamente, para reduzir ou ignorar o significado do movimento. O colunista conservador David Brooks (nenhuma relação com este repórter) doNew York Times tenta de seu trono de observação, mergulhada na arrogância intelectual, reduzir o movimento de algo sem uma bússola, pouco grave, e até um pouco radical.
Alguns compará-la com outros movimentos na Índia e em outros lugares, para indicar que suas motivações são válidas, mas não sei como ser sério sobre promoção da mudança. Outros sugerem que, enquanto eles não entendem que têm de trabalhar no âmbito de regimes político-eleitoral neste país não pode fazer muito. Outros ainda insistem que, sem fazer exigências específicas não vai conseguir mais do que uma expressão de protesto.
Eu tenho uma recomendação para uma resposta: nós exigimos que você deixará de exigir uma lista de reivindicações,
disse Robert Jensen, professor de jornalismo na Universidade do Texas, em um artigo no Al Jazeera Ele argumentou que "as reivindicações ação é uma tentativa de acomodar. É preciso concentração para a política mainstream, reduzir a energia destas concentrações de uma forma que quem está no poder a reconhecer, para que possam desenvolver estratégias para desviar, cooptar, comprar, ou, se essas táticas não-esmagar qualquer desafio para business as usual ".
Moyers diz que não é a primeira vez que este país enfrenta. Em outro exemplo, um orador popular, Mary Elizabeth Lease, disse que "Wall Street é dono do país ... As nossas leis são o resultado de um terno que veste trapos bandidos e honestidade. Partidos políticos mentem para nós e os oradores políticos nos enganar ... Regras dinheiro ". Isso foi em 1890.
Hoje, o que está em jogo é nada menos que os EUA ainda ser chamado de democracia. Para o economista Paul Krugman Nobel Prize, que está sendo criado é uma oligarquia de estilo americano.
Em sua coluna no The New York Times diz: "Nós temos uma sociedade na qual o dinheiro é cada vez mais concentrada nas mãos de poucas pessoas ... que a concentração de renda e riqueza ameaça tornar-se uma democracia apenas no nome." Isto é porque a extrema concentração de renda é incompatível com a democracia real.
E enquanto ela determina o que o destino da democracia neste país, enquanto milhões de pessoas ouvir os políticos prometem uma e outra vez para gerar empregos e novas oportunidades, o que foi gasto no Congresso?Aprovou uma resolução reafirmando que "In God We Trust"
é o lema oficial dos Estados Unidos. A votação foi 396-9 na Câmara dos Deputados.
Como na história para novas gerações que vão descobrindo a realidade dos poderosos, países e povos vivem se devorando através da dominação ideologica e técnica.Os EUA tentam olhar com seus satélites todos os lugares onde tiver recursos de seus interesses invadem em nome da suposta e sofista democracia.
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A crise que deu os primeiros sinais em 2007, apaziguou o apetite por meses e retornou com forte impacto agora em 2011 foi considerada por Belluzzo e Rabelo como a “3ª grande crise do capitalismo”. Belluzzo retrocedeu na análise e apresentou um amplo painel dos fatos encadeados a partir da grande depressão de 1929, chegando ao período pós-Segunda Guerra, no qual um “arranjo social e político” deu início a uma fase de crescimento econômico.
“As décadas de 1950 e 1960 são chamadas de era da social-democracia e promoveram um desenvolvimento político-econômico no qual os partidos comunistas tiveram participação importante”, explicou.
Na Europa, o sindicalismo tinha uma expressão extraordinária e fez conquistas sociais das quais toda a sociedade se beneficia até hoje. “Foi um arranjo virtuoso realizado à sombra da União Soviética, que atuava nos bastidores das decisões mundiais”, definiu Belluzzo.
Quando a era social-democrata fracassou, chegou o neoliberalismo: “Que se apoiou sobre duas premissas, tirar o controle do Estado sobre o capital e massacrar sindicatos a partir dos anos 1980, a exemplo do que fez a dupla Reagan e Thatcher, quando enfrentaram, respectivamente, as mobilizações dos controladores de voos, nos Estados Unidos, e dos mineradores, no Reino Unido”, lembrou Belluzzo.
Nesse cenário, os Estados Unidos avançaram na conquista de mais poder e a desigualdade social cresceu, voltando a patamares anteriores aos dos “anos gloriosos”. Belluzzo ilustra: “Em 1929, um alto executivo chegava a ganhar 400 vezes mais do que um operário, esse índice decaiu durante os anos 1960 para voltar a atingir os mesmo patamares agora em 2011”.
| Foto: Leandro Nitoso |
A especulação concentrou poder político-econômico nas mãos dos bancos e nesse cenário surgiu a China, realocando indústrias de todo o mundo e baixando o custo e preços dos manufaturados.
O consumo, estimulado pelo sistema financeiro, explodiu: “Em 1985, a relação sobre renda disponível das famílias nos Estados Unidos era de 80%, hoje chega a 130%”, diz o economista.
Os resultados dessa distorção estão aí: desemprego e desigualdade social galopantes, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. Há 25 milhões de desempregados ou subempregados só nos Estados Unidos, segundo Belluzzo.
“O paradoxo desta crise é que ela foi criada pelos bancos e o Estado, na sequência, subsidiou essas dívidas, tornando-se ele mesmo herdeiro do que não criou”, enfatizou Renato Rabelo.
E quem paga o preço socioeconômico e político por esse empobrecimento conjuntural é o povo: “Li um artigo em uma revista norte-americana que se propunha a analisar Wall Street antes e depois da crise. O autor deu a resposta em duas linhas: antes, Wall Street mandava, depois, também”.
Belluzzo disse que o final da crise depende da população se organizar e tirar o poder das classes dominantes: “Mas a esquerda europeia está frouxa e o povo não é capaz de se rebelar contra quem verdadeiramente o está explorando. Os Estados Unidos têm o benefício da moeda forte, ainda centralizam poder”.
Rabelo concorda e prevê pelo menos mais cinco ou seis anos de recessão, com dois desfechos possíveis: no primeiro, o poder financeiro resolve os próprios problemas à custa de mais barbárie e fome no planeta: “Por isso os Estados Unidos estão armados, possuem mil bases militares em todo o mundo, precisam se defender para manterem o controle econômico-político”.
O segundo desfecho pode ser “o surgimento de uma nova ordem social, uma nova consciência em que o subjetivo ganhe importância, mas isso também demanda tempo”, explicou o presidente do PCdoB.
Tempo de confrontos
“Ninguém perde o poder de braços cruzados, os grupos hegemônicos estão lutando. É preciso que as classes trabalhadoras se insurjam, que haja confronto e nasça a possibilidade de surgir a sociedade igualitária com que sonhamos”.
Rabelo volta a enfatizar: “Não é possível avaliar a crise sem pensar em luta de classes, sem recordar o conceito básico do marxismo”.
Belluzzo reitera: “As massas precisam se revoltar contra quem as oprime ”, conclui.
O que vai acontecer ao Pará? Esta é uma pergunta que deixou de ser retórica. O Estado se encontra em questionamento, a começar pela sua integridade física. O momento seria para reflexão profunda e ação conseqüente. Mas falta liderança para essa missão.
O Pará está em transição, em trânsito e em transe.
A começar por sua própria base territorial. Na sua configuração atual, se fosse um país, o Pará seria o 25º mais extenso do mundo. No continente latino-americano, só estaria abaixo do próprio Brasil, da Argentina e da Bolívia, superando o país seguinte na lista, a Colômbia.
O paralelo não deixa de ter algum significado. A principal marca colombiana nos últimos 60 anos tem sido a violência. O Pará é um dos Estados mais violentos do Brasil, a violência no amplo espectro da sua expressão: desde a morte de pessoas, incluindo assassinatos por encomenda (e a preço vil, se é que se pode estabelecer valores para a eliminação da vida), até a destruição da natureza, às vezes por motivações torpes e primárias.
Não por coincidência, no início da temporada de verão, o Pará volta à sua sombria liderança em destruição da floresta e em execuções de pessoas consideradas indesejáveis ou hostis aos interesses dominantes. Uma coisa tem muito a ver com a outra: o desmatamento é o ritual da extração da riqueza fácil e valorizada, a madeira, que encomenda os assassinatos dos que se opõem a essa prática, ou concorrem com ela.
Por tamanho físico, o Pará, se fosse um país, estaria logo abaixo da África do Sul, no 25º lugar do ranking. Essa é outra comparação que lança luzes sobre a situação atual do Estado. Como a nação africana, o Pará tem um subsolo extremamente rico em minérios. Embora a pesquisa geológica sistemática abarque apenas uma pequena fração dos seus 1,2 milhão de quilômetros quadrados, o Pará já é a unidade federativa que mais exporta minério de ferro do mundo.
É também o maior produtor mundial de alumina, o 3º maior produtor internacional de bauxita, significativo produtor de caulim (o de melhor qualidade do mercado para papéis especiais) e com crescente participação em cobre e níquel. É uma pauta de exportação mineral mais diversificada do que a da África do Sul, cuja atividade econômica é muito mais antiga do que a do Pará.
A África do Sul ainda tenta resolver seu principal problema, o racial, herança dos longos anos de política segregacionista dos colonizadores brancos. No Pará a diferença de raça não tem a mesma gravidade, embora haja uma questão de raça (ou de etnia, melhor dizendo) a desafiar a capacidade de tolerância, compreensão e absorção dos grupos sociais dominantes.
Os índios são das “menores minorias” dentre as principais no Estado, mas pela densidade da sua cultura, da sua ancestralidade, da sua existência territorializada e da sua anterioridade, impõem - e exigem - uma política específica para eles por parte do poder público, que dispõe de meios para impor essa atitude a toda a sociedade envolvente.
Há, contudo, outras minorias - mais expressivas no aspecto quantitativo e conjuntural - que, por sua condição, também estão a cobrar atenção e providências das autoridades. No entanto, conforme constatam representantes do poder público, quando se deslocam da sede da burocracia estatal para inspeções meteóricas ao hinterland (cada vez mais reduzido à condição de sertão), a principal ausência nesses grotões é a do Estado, tanto o ente federativo quanto a ameba nada metafísica do governo central, a União.
A pedra de toque da vida nessas porteiras agrestes disfarçadas de cidades (muitas vezes meros acampamentos nucleados para as investidas ao interior) é o conflito. Toda a estrutura social está enxertada e infiltrada por conflitos - de todas as naturezas e de variadas motivações. O combustível do cotidiano é o caos, às vezes organizado, outras vezes anárquico, incontrolável.
Em 1975, os tecnocratas brasilienses, avalizados pelas espadas dos comandantes militares que a eles se juntaram, previram que teria que ser assim mesmo. Não seria possível de outra forma desenvolver aceleradamente a Amazônia, como os feiticeiros do “milagre econômico” dos anos de 1970 pretendiam, para criar o Brasil Grande (com muitas alquimias, mas sem poupança real, como até hoje).
Para fazê-la crescer mais do que o país, como queria o II PDA (Plano de Desenvolvimento da Amazônia) para o qüinqüênio 1975/79, era preciso conviver com os desequilíbrios. O crescimento veloz, que transformaria a região numa usina de divisas para o país, através da exportação maciça, provocaria esses desajustes por força do seu próprio mecanismo de ação.
Ciente desse efeito negativo, o feitiço posto no mesmo frasco da poção mágica, através da consubstanciação da sangria do capital estatal (destinado, sobretudo, para a “burguesia nacional”) e o derrame de capital estrangeiro, o Estado estaria sempre presente nas lonjuras do sertão, acompanhando cada S/A, cada João da Silva, cada assentamento, cada mineradora, ao lado da rodovia ou da ferrovia, da nova cidade ou da hidrelétrica. Assim, transformando em planejamento centralizado e em poder de polícia a sua jurisdição, o poder central corrigiria os desequilíbrios decorrentes do “modelo de ocupação”, que privilegiava uns poucos e deserdava a tantos.
Mas, atenção: como no filme hollywoodiano, o piloto sumiu. O desequilíbrio continuou a existir, se reproduzindo e se alterando, mas o agente da correção, com os poderes da sagrada delegação dos cidadãos, ficou acantonado na sede burocrática. Enquanto isso, os convidados do banquete e os recrutados para a aventura fluíam para os lugares onde havia riquezas naturais em condições de serem transformadas em mercadorias. A migração se intensificou, o espaço foi sendo ocupado, os contrastes se alargaram, os conflitos se agigantaram e os desequilíbrios escaparam a qualquer controle.
Podendo ser o 25º maior país do mundo em território, o Pará seria o 97º em população. Na visão dos sacerdotes da ocupação como meio de “integrar para não entregar”, que são os geopolíticos de gabinete (ou de comando), ótimo: há ainda terras a desbravar (que cabe ao bandido amansar, enquanto não chega o mocinho, se mocinho ainda há na res publica).
A população ainda é insuficiente para garantir a segurança nacional contra cobiças internacionais - antigas ou hodiernas, consumadas ou especuladas. Se fosse país, o Pará teria a 97ª maior população do mundo, um contraste com a sua posição territorial, como 25º em extensão. Que prossiga, pois, a máquina de desmatamento e de transformação do reino da natureza em condição humana (isto é, sem a mata selvagem e seus apêndices, inclusive humanos).
Se o poder público é o grande ausente das frentes pioneiras, que se multipliquem suas representações, fracionando o território e reproduzindo o aparato burocrático. É o grande mote das bandeiras de emancipação dos dois novos Estados, de Cara-jás e do Tapa-jós. ( cara e tapas na população)
Essa determinação categórica possui, entretanto, um mal de origem: o surgimento de três unidades federativas onde atualmente há apenas uma deverá reproduzir os problemas e queixas, ao invés de resolvê-las. O que acarreta as distorções não é o excesso de terra a ser jurisdicionada pelo governo local ou a insuficiência de gente para melhorar a relação habitante/quilômetro quadrado, que asseguraria a soberania nacional sobre a fronteira, mas o “modelo” de ocupação, embora de pé quebrado.
É incontestável que esse modelo proporcionou crescimento econômico acelerado. As exportações do Pará se multiplicaram 30 vezes desde que o II PDA entrou em vigência. Hoje o Pará é o 2º Estado que mais divisas proporciona ao Brasil, além de ser o 6º maior exportador bruto. É o 5º maior produtor e o 3º maior exportador de energia do país.
Mas os indicadores sociais são africanos, como já se registrou inúmeras vezes no passado e o porta-voz da elite belenense, O Liberal, finalmente alardeou na capa da sua última edição dominical. Não por acaso, quando tudo faz e a tudo recorre para impedir o político mais influente do Estado no além-divisas, Jader Barbalho, de assumir sua cadeira de senador.
Em dezenas de editoriais e notas na sua coluna de maior prestígio, o Repórter 70, o jornal dos Maioranas repete, há meses, que a carreira de Jader como ladrão do dinheiro público tem 25 anos, desde que ele teria desviado recursos do Banco do Estado para sua conta particular, durante o exercício do primeiro mandato como governador. Nesse período ele acumulou dois mandatos de governador, um de senador e um de deputado federal.
Nunca nenhum político paraense foi mais combatido pela grande imprensa nacional, que o escolheu como símbolo do enriquecimento ilícito, na sucessão dos paulistas Ademar Barros e Paulo Maluf. Ainda assim, Jader foi o segundo mais votado na eleição para o Senado no ano passado e continua a ser a estrela mais brilhante nacionalmente na opaca constelação de representantes do povo paraense. Para desespero dos Maioranas, suas empresas de comunicação resistiram à concorrência do adversário e, no segmento de impressos, já suplantou o grupo Liberal.
A reação dos Maioranas a esse fato surpreendente consiste em alegar que tal façanha só foi possível pela utilização de dinheiro público, argumento que tem seus fundamentos e é histórico (vários jornais se valeram indevidamente, ao longo do tempo, dos estoques de papel da Imprensa Oficial do Estado). Mas se a tentativa dos irmãos Ronaldo e Romulo Jr., de desenvolver carreira política, tivesse sido bem sucedida, eles não teriam feito o mesmo?
A julgar pelo uso que deram ao dinheiro da Sudam, a especulação pode ser considerada positiva. Os dois dirigentes das Organizações Romulo Maiorana não fraudaram apenas sua contrapartida de capital próprio aos recursos dos incentivos fiscais, objeto da ação penal proposta pelo Ministério Público Federal, em vias de sentença na 4ª vara da justiça federal, em Belém.
Eles também recorreram a notas fiscais frias para atestar a existência de uma obra física que nunca construíram e que teria sido posta abaixo por um estranho vendaval, que só atingiu o galpão de sua fábrica, no distrito industrial de Ananindeua, crime que não constou da denúncia do MPF.
O maior ou menor dano ao erário pelas elites paraenses depende, portanto, do grau de poder ao qual têm acesso, o que inclui, como componente de grande expressão, o controle de meios de comunicação de massa. Graças a jornais, emissoras de rádio e televisão, e outras mídias, os poderosos da terra induzem e manipulam a opinião pública conforme seus interesses, dentre os quais estão o apetite pela rápida riqueza e a imobilização (ou destruição) das alternativas de representação da sociedade.
O exercício pleno desse poder criou um mundo fechado e fantasioso pelo qual circulam esses atores privilegiados. Uma dessas gaiolas das loucas, para usar a incisiva expressão teatral, era a Assembléia Legislativa do Estado. A presunção de impunidade levou ao cometimento de irregularidades e ilegalidades que beiram o padrão dos ladrões de galinha. Se não os superam.
Todos os tipos penais foram caracterizados na apuração dos fatos delituosos cometidos por funcionários (reais ou fantasmas, efetivos ou agregados) e parlamentares. A sociedade se cansou de se escandalizar com cada nova revelação, mas é de se pôr em dúvida a crença de muitos de que tudo continuará como estava: impune.
A credibilidade das lideranças locais foi seriamente atingida pela sucessão de querelas e conflitos. A intensa troca de acusações, caracterizada pela falta de argumentos de defesa e de sobra de denúncias sem resposta, está deixando o Pará sem figuras de referência. Tem-se generalizado a descrença em relação às causas apresentadas pelos líderes, presos aos seus esquemas e interesses privados ou corporativos, incapazes de levar a sério e defender causas coletivas, de interesses difusos na sociedade.
Vítima da União durante o regime militar, que lhe expropriou literalmente manu militari seu patrimônio fundiário, o Pará não consegue reaver sequer as áreas que lhe deveriam ser devolvidas por imposição constitucional clara e categórica, como as ilhas e as faixas de terras litorâneas. O governo de Ana Júlia Carepa abriu mão desse direito porque em Brasília estava o companheiro Lula.
Acima da causa do Estado, o PT, um verdadeiro partido orgânico (e também fisiológico), coloca o interesse partidário. Por isso, a governadora petista se submeteu à ordem nacional petista. O PT queria regularizar a situação dos varzeiros, de quilombolas e outros clientes agrários, à custa da omissão (ou da conivência) do Estado e de papéis concedidos que, no apurar das contas, não terão o valor que lhe atribuem, de propriedade.
Mas e agora: nada mudou? Não é apenas porque agora o governador é tucano que a submissão deve ser substituída por uma atitude decidida: é porque a causa é inteiramente justa, legal, amparada pelo direito. Velhos e superados conceitos sobre a maré de determinado ano do século XIX e incrustações arcaicas não resistirão ao menor questionamento jurídico, pondo fim a essa anomalia herdada do centralismo hegemônico, que apenas muda de banda (ora de direita, ora de esquerda).
O Pará precisa de um perfil exato, de uma imagem verdadeira, capaz de retratar sua incrível diversidade e complexidade, a realidade que desafia os conceitos e as interpretações. É verdade que, nos fronts abertos onde há riqueza natural a explorar (e exportar), o mais fraco é esmagado pelo mais forte, o que tem dinheiro prevalece sobre o pobre.
Não há novidade nesse enredo universal, com tanto tempo de vigência. A novidade, em muitas situações e locais, é que não há mocinhos de um lado e bandidos do outro lado. O “modelo de ocupação”, causador de desequilíbrios, que resultam no caos, embaralhou os papéis e as funções, liberou as porteiras para a corrida sem regras ao lucro, ao salário, ao dinheiro.
Na sofreguidão de produzir mercadorias e mandá-las para consumidores externos (ao Estado e ao país), cada um quer aproveitar sua oportunidade conforme ela se apresenta. O que interessa é que o maior trem de carga do mundo continue a fazer suas nove viagens diárias pela ferrovia de Carajás, em fase final de duplicação, para 230 milhões de toneladas, até o porto no litoral do Maranhão, onde começarão a atracar os maiores cargueiros de minérios do mundo, da Vale, para levar a carga até o longínquo Oriente, de onde regressam com manufaturas, abrindo nessa relação um déficit que foi de 70 bilhões de dólares no ano passado e deverá chegar a US$ 100 bilhões neste ano.
As almas caridosas e solidárias com a Amazônia do outro lado da fronteira vêem no cenário tropical a luta entre Deus e o Diabo, o Bem e o Mal, o primitivo puro e o moderno corruptor. Com essa visão, projeta à condição de mártires e heróis pessoas de carne, osso e interesses, como seres incorpóreos que fossem, legendas diáfanas que não resistem a uma investigação dos fatos.
Se o paraíso está perdido, a pureza se esfumaçou de há muito. Para tanto, serve de prova a rebelião de peões na hidrelétrica de Jirau

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