domingo, 15 de agosto de 2010

ligações enganosas

AS RELAÇÕES ENTRE AS MUL TINACIONAIS NORTE-AMERICANAS E O III REICH. 

COCA-COLA 

Como é sabido, a Coca-Cola sempre se apresentou como um símbolo dos EUA e dos seus valores "democráticos"; porém, trata-se mais de uma engenhosa mentira publicitária do que de uma realidade. De facto, a Coca-Cola foi uma dessas grandes companhias americanas que, pelo menos indirectamente, colaboraram com o regime nazi.

Para começar, a popular empresa norte-americana, com base em Atlanta (Geórgia), vendeu milhões de garrafas do conhecido refresco entre 1933 e 1945, violando as normas aliadas que impediam o comércio com a Alemanha nazi durante a Segunda Guerra Mundial. Mas a sua falta de escrúpulos não ficou por aí. Desde Dezembro de 1941, a empresa convenceu os americanos de que o seu produto era o símbolo da luta contra os inimigos da liberdade e da democracia. Porém, o certo é que, sendo a Alemanha o segundo maior mercado desta bebida refrescante (a seguir aos próprios EUA), a Coca-Cola encontrou a forma de manter os seus lucros neste país, apesar da política imperialista e genocida conduzida pelo seu governo. Já desde os tempos turbulentos da República de Weimar que os alemães encaravam a Coca-Cola como a ponta de lança de um certo tipo de colonialismo norte-americano na Europa. Por isso, a Coca-Cola teve que, primeiro, mudar a imagem que o consumidor médio alemão tinha do seu produto e, a seguir, vencer empresas concorrentes alemãs (como a Sinalco ou a Agri-Cola) que fabricavam imitações do mais famoso dos refrescos de cola. Se, em casa, a publicidade da empresa tinha que identificar-se com os valores imperantes na sociedade norte-americana, na Alemanha, a Coca-Cola tinha que adequar-se aos princípios ideológicos impostos pelo III Reich à sociedade alemã.

Uma peça chave neste processo foi Max Keith (na altura representante da empresa de refrescos), personagem descrito por alguns dos seus ex-empregados como um líder carismático e autoritário. Keith depressa percebeu que, para conquistar o mercado germânico, tinha que estar nas boas graças dos governantes da nação; por isso, começou por distribuir generosos subornos a diversos governantes nazis. Assim, em 1936, quando Goering introduziu um plano quadrienal para reduzir ao mínimo as importações alemãs e falharam todas as negociações conduzidas pelos advogados da empresa norte-americana, Keith autorizou a entrega de dinheiro a este chefe nazi. Graças a isso, a Coca-Cola conseguiu uma licença especial de importação que salvaguardou a sua quota de lucros na Alemanha. Max Keith convertera-se no homem da Coca-Cola por excelência, assim como num colaborador dos nazis, disposto a fazer o que quer que fosse que estes pedissem, desde que vendesse o seu produto.

Com as coisas neste pé, a Coca-Cola tornou-se, nesse mesmo ano, numa das três bebidas patrocinadoras dos Jogos Olímpicos de Berlim, um evento que o III Reich explorou para promover a sua ideologia racista e autoritária. A boa sintonia existente entre a Coca-Cola e o regime de Hitler foi algo que pôde ser comprovado por todos os que visitaram Berlim durante tão magno acontecimento, dado que em muitas imagens do Führer, que apareciam em cartazes publicitários e revistas, surgia também o logotipo do conhecido refresco incitando o público a beber Coca-Cola “eískalt”[=’muito fria’]. A partir daí, a Coca-Cola chega ao coração do nazismo e inclusivamente, em Outubro de 1938, numa revista militar que celebrava a anexação dos Sudetas pela Wehrmacht [='exército alemão'], podia ver-se um anúncio no qual uma mão segurava numa garrafa de Coca-Cola, com um mapa-mundo como fundo e que rezava: "Ja, Coca-Cola hat weltruf [='Sím, Coca-Cola: tem fama mundial'] Isto equivalia a dar um apoio tácito ao exército nazi e às suas conquistas.

A empresa americana estava a adquirir uma popularidade tal no mercado alemão, que Karl Flach (chefe duma das suas rivais alemãs, a Afri-Cola) começou a fazer circular panfletos nos quais aparecia uma garrafa de Coca-Cola com caracteres hebreus que diziam que o refresco americano era "Kosher" [=’apto para ser consumido por judeus’] e um texto, que assegurava ser a Coca-Cola uma empresa dirigida por judeus. Apesar disso, o prejuízo foi temporário, pois a empresa americana contra-atacou de imediato. E como? Com uma campanha propagandística, que afirmava exactamente o contrário, através da publicação de vários anúncios, nos quais defendia posições anti-semitas, noStuerner, publicação oficial do partido nazi conhecida pelos seus artigos racistas. Estes anúncios não passaram despercebidos nos EUA, tendo originado alguns títulos do género "Coca-Cola financia Hitler" na imprensa norte -americana.

Durante a guerra, a Coca-Cola pôde enfrentar as restrições decorrentes do conflito bélico, recorrendo ao seu habitual oportunismo. Assim, quando, na Alemanha, foi restringida a utilização do vidro devido ao embargo aliado, a empresa de refrescos abriu fábricas na região dos Sudetas, em 1939, sob a protecção dos chefes nazis locais, visto que esta região estava fora do cerco económico. Desta forma, a Coca-Cola ludibriou o boicote ao III Reich. Além disso, a companhia norte-americana tão-pouco teve quaisquer problemas em que os seus camiões transportassem tropas alemãs em múltiplas ocasiões. Nem sequer no período mais aceso da contenda bélica, em que alguns dos ingredientes secretos da mais popular bebida não conseguiam chegar à zona sob controle nazi, a companhia deixou de fabricar bebida: nessa altura, Keith e a sua equipa de colaboradores inventaram a Fanta e a empresa Coca-Cola continuou a vender sem se importar nada com isso. Este facto pode ser testemunhado por alguns sobreviventes dos campos de concentração nazis, pois trabalharam como mão-de-obra escrava nas fábricas que a Coca-Cola mantinhaem funcionamento nos territórios dominados pelo Reich alemão.


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