terça-feira, 30 de novembro de 2010

revelações confidenciais de diplomatas espiões -Wikileaks

Um grande banco americano será a próxima vítima dos documentos do portal Wikileaks, que planeja revelar dados sobre a empresa no começo do próximo ano, segundo o fundador do portal, Julian Assange, em entrevista divulgada na última segunda-feira pela revista "Forbes".
"Temos um "megavazamento" relacionado a um banco. Não é da dimensão do material do Iraque, mas se trata de dezenas ou de centenas de milhares de documentos", disse o australiano.A publicação americana informou hoje na Internet a transcrição completa de uma extensa entrevista que Assange lhe concedeu em 11 de novembro, antes do vazamento de mais de 250 mil documentos que no último domingo fez tremer a diplomacia americana.
Em entrevista que fará parte da reportagem de capa do próximo número da edição impressa da Forbes, que chegará às bancas americanas no dia 20 de dezembro, Assange se negou a dar mais detalhes sobre qual seria essa "grande" entidade financ
Em sua viagem à Argentina, o jornalista que enfrenta as corporações de mídia nos Estados Unidos através do programa de rádio Democracy Now!, Conversou com o Time Argentino sobre o papel da mídia em seu país. 

No coração de uma mulher desafiou o império dos EUA para a mídia das grandes corporações. Amy Goodman é chamado, é jornalista, escritor, radialista e líder Agora Democracia (Democracy Now!), Rádio de hoje tornou-se um movimento cultural e político dentro e fora dos Estados Unidos. 
A partir de um quartel que foi convertida em unidade de transmissão na cidade de Nova York, Goodman fala ao nicho imensa abandonada a notícia principal.
Desde 1996, Democracy Now, a notícia da guerra e da paz, tem vindo a conquistar um público que acompanha seus picos de emissão diária ultrapassou mais de 3 milhões de ouvintes. E conseguiu articular uma das maiores redes de comunicação pública nos Estados Unidos, alcançando mais de 850 canais de rádio e TV no mundo. Emitido em estações da National Public Radio, a comunidade ea universidade, canais a cabo, PBS (televisão pública), televisão por satélite ea Internet como um podcast, e outros meios.
Versão em espanhol é de cinco anos. E é financiado pelas contribuições dos telespectadores e fundações, e não aceitar a publicidade ou doações de empresas ou governos. O jornalista recebeu o Lifetime Achievement prêmio Right Livelihood Award, conhecido como Prêmio Nobel Alternativo "por seu trabalho para desenvolver um modelo inovador de base verdadeiramente independente jornalismo político que traz as vozes de milhões de pessoas são excluídas da grande mídia.
Não é por acaso que a sua presença em Buenos Aires, tem atraído a atenção de jovens jornalistas, jornalistas ou cidadãos comuns. A discussão sobre o papel da mídia na sociedade de hoje na Argentina é comum e tem deixado de ser uma discussão corporativa ou simplesmente compreendido. Além disso, a comunicação alternativa para o nosso país é um fenómeno que continua a se expandir a partir de 1985 e que, como no resto da América Latina, está associado a grandes lutas que ocorreram ao longo da história e enfrentaram e enfrentam , entre outros fatores de poder, o monopólio da informação. Mas como é que uma comunicação contra-hegemônico ou alternativo entre o coração do império? Ela fez isso em menos de cinco anos de Democracy Now! Em espanhol e participa na X Conferência Mundial da Associação Mundial de Rádios Comunitárias e sede da União de Trabalhadores da Imprensa de Buenos Aires, UTPBA, transmitido ao vivo através da rádio e pessoas interessadas streaming não estavam em Buenos Aires. Tiempo Argentino encontrei essa mulher de 53, cuja ousadia e paixão pelo jornalismo político é visto até mesmo no corpo.

- Qual é o maior desafio que você enfrenta para quebrar a barreira do silêncio em seu país?
- A maior ameaça são os monopólios de mídia nos EUA de hoje. Isso limita a liberdade de expressão ea possibilidade de uma abertura para que você possa ouvir todas as vozes. É na mídia onde temos de um debate com os outros. Nós não podemos saber tudo individualmente. Fazemos isso através da mídia. É como se fosse uma mesa de cozinha, onde todo mundo senta em volta e, no entanto, é controlado por poucos. Aqueles poucos impõem decisões que são feitas, quando vamos para a guerra e quando não o fazemos. Imagine a possibilidade de sentar naquela mesa que roda o planeta, debate e discutir as principais questões do dia: guerra e paz, vida e morte. Para fazer menos mal a situação de homens e mulheres em serviço, os soldados deste país não pode desenvolver esses debates em bases militares e confiar em nós, a sociedade civil para discutir e determinar se deve viver ou morrer, se será enviado para matar ou ser morto. Para fazer menos do que ao programaDemocracy Now! Prejudicaria uma sociedade democrática.
- Enfrentar a violência simbólica, econômica e militar dos Estados Unidos, o que a mídia deve desempenhar papel?
- Eu vejo a mídia como a maior força para a paz. No entanto, hoje eles são usados para dar volume ao som dos tambores da guerra. Estamos cansados de ser nos imposta como abate econômica e inevitável a violência como meio de resolver conflitos.
- Discutir a necessidade de criar na mídia uma "crítica estático, seria interessante desenvolver um pouco mais essa idéia ...
- Não muito tempo atrás eu escrevi com o meu irmão David Goodman, também jornalista, um livro chamado Static(estático). Chamamos assim porque, embora atualmente temos tecnologias digitais continuam a sofrer interferência; véus que nos impedem de perceber claramente a realidade. É hora de criar as ferramentas que ampliam as perspectivas globais das bases. Porque nós somos uma maioria silenciosa. Somos uma maioria silenciada. A razão pela qual escrevi este livro é que apesar de ainda estarmos enfrentando ruído tecnologia no ar. Distorções, mentiras, coisas que causam a falta de informação na mídia e isso está causando confusão na própria realidade. O que a mídia deveria dar-nos estática em outro sentido: o crítico estático, questionando e também produzem interferências indesejáveis sobre o discurso dominante. Precisamos de uma mídia que cobre o que acontece no nível de poder, não para encobrir o poder. Precisamos de meios de comunicação que é o quarto poder, e não parte do poder estatal. Precisamos de uma mídia que cobre os movimentos que criam a estática e fazem a história. Com mais canais do que nunca, a falta de diversidade de opiniões é assustadora. A liberdade de imprensa está consagrada na Constituição, mas a nossa grande imprensa agir como um megafone para quem está no poder. Como se enfrentar a crise sem precedentes por causa do aquecimento global para as duas guerras mundiais ea crise econômica global ", também vejo que há uma oportunidade de mudança sem precedentes.
- Será que esta oportunidade para passar a mudança fornecendo mais informações ou para introduzir novas categorias de compreensão da realidade?
- Em os EUA há muito pouca cobertura sobre as realidades da guerra. Se as pessoas pudessem ver o que está acontecendo na guerra ao nível da realidade, se eu pudesse ver os bebês que estão em guerra no Afeganistão ou no Iraque, se vêem mulheres sem pernas ou mutilado, os aviões de ataque não tripulada , soldados morrendo, a resposta da população seria uma outra guerra. Os americanos têm muita simpatia ...
- É a crise económica que os EUA se beneficiaram da atitude crítica da população dos EUA contra o discurso da mídia belicista, cuja corporações estão associadas, em alguns casos, a indústria de armamento?
- Sim, ele funciona. Mas é preciso criar oportunidades para que os debates reais, onde são apresentadas alternativas para as pessoas tomarem decisões.
Agora! A democracia é um remake, em um contexto substancialmente diferente, o movimento que foi construído em 1960, contra a guerra do Vietnã?
- Tente ser um meio sem fronteiras, em 900 estações e da Internet, milhões de pessoas nos escutam. Damos voz a todos os povos do mundo. Nós sentimos que não estamos perante a guerra sozinho. Em outras partes do mundo também estão fazendo. A questão é que o lado do fuzil que estamos vendo a realidade. Quando os Estados Unidos só são apresentados a partir da perspectiva das empresas é muito, muito perigoso, porque eles representam a maioria da população do país e esta polarização faz com o resto do mundo. Vemos a partir da perspectiva de que você joga o tiro no Afeganistão, Iraque, agora no Paquistão, que têm a experiência da guerra. Nosso trabalho é ir onde o silêncio, a fim de que essas percepções podem participar. É uma questão de segurança nacional, porque quando vemos o mundo projetada em nosso país, a partir da perspectiva dos mesmos meios de comunicação corporativos nos coloca em perigo. Assim, Democracy Now! É mais que um programa, é um movimento. Um movimento pela democracia midiática.
- A sua visita a Argentina também incluiu a apresentação de seu livro.
- Meu irmão David é co-autor deste livro. Falamos de pessoas que não pretendem requerer problemas, mas quando você mexe com eles, se defender. Por exemplo, os bibliotecários nos Estados Unidos. Quando o FBI chegou à biblioteca para solicitar informações sobre o que os leitores estão lendo, eles decidiram proteger a sua privacidade. Os cientistas também denunciou idéia do governo de começar a ir para o site, as palavras sobre o aquecimento global e lutaram ferozmente contra ele. O mesmo aconteceu em algumas escolas, onde as crianças usavam as palavras dos soldados, as suas cartas para fazer um jogo. Quando a política era conhecido por censurar esta expressão, os teatros da Broadway convidou os alunos a fazer o sonho de todo ator, aparecendo no palco de um teatro. Outro exemplo é o do Dr. Steven Reisner e outros psicólogos, que formaram a Coligação por uma Psicologia Ética contra a participação de membros da American Psychological Association em interrogatórios desumanos. Eles se opõem à utilização de psicólogos na supervisão de interrogatórios abusivos realizado em detentos de Guantánamo, as prisões secretas da CIA ou de qualquer outro lugar onde é alegado que a Convenção de Genebra é irrelevante. Eu também citar o movimento nesta época rejeitaram a apresentação das memórias de George Bush (h). Pessoas mostram até onde ele está falando e movendo seus livros para o sector "crimes" nas livrarias.
- Esses "heróis anônimos", o que eles estão exigindo?
- O que vejo é fome de vozes independentes. Ninguém teria pensado que este programa, com apenas uma dúzia de estações de rádio comunitárias, ia ser tão bem sucedido. O interesse dos jovens para aprender a história desses movimentos vem do fato de as informações que disponibilizamos em nossa cobertura. O movimento hoje não chega a ser visto pela mídia corporativa, mas, apesar disso, os jovens a compreender o que é real quando o vêem. Minha resposta é a mídia corporativa, ea minha pergunta é por que eles são peritos chamados que não sabem nada, quem sabe tão pouco de ambos. Estamos constantemente a ouvir o pequeno círculo de especialistas em Washington. E com esse objetivo de explicar o mundo para nós. É verdade que muitas pessoas assistir a CNN e FOX, ou pensar que está sendo relatado. Mas muitos outros e não dar crédito ao que eles vêem.A versão televisiva oferece muito medo, ameaça, catástrofe e dos oficiais. Com a repetição tanto e melodrama, as pessoas se tornam imunes aos seus efeitos. Há muita sede de verdadeiro em meu país e os meios de comunicação chegaram ao seu declínio no máximo.
- E os jornalistas?
- Até agora não está fazendo uma "vocação profissional", mas a necessidade espiritual de jornalistas para se tornar grave. Em uma situação como esta, dizer a verdade é equivalente a salvar vidas.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Crise na Europa II

  

Greve geral paralisa fábricas e transportes em Portugal

Uma greve geral convocada por sindicatos de Portugal para protestar contra os planos do governo de cortar o déficit orçamentário por meio da redução dos salários dos funcionários públicos e da elevação dos impostos provocou o fechamento de portos, fábricas e do sistema de metrô de Lisboa. As informações são de representantes dos trabalhadores.
Os transportes estão sendo mais afetados pela greve, já que 100% dos trabalhadores do metrô de Lisboa aderiram ao protesto à meia-noite, junto com 100% dos trabalhadores de prefeituras de cidades próximas à capital do país, de acordo com um comunicado distribuído por e-mail pelo sindicato Confederação Geral de Trabalhadores Portugueses (CGTP).
Duas das mais importantes linhas de trem que chegam a Lisboa foram suspensas e mais de 500 voos foram cancelados, segundo o sindicato. Os portos do país também foram paralisados e muitos navios esperam para entrar nos ancoradouros, enquanto outros estão parados sem conseguir sair, porque os funcionários dos portos interromperam os serviços. Empresas também foram afetadas. Cerca de 95% dos trabalhadores da fábrica Volkswagen Autoeuropa entraram na greve, segundo o CGTP.
"A política orçamentária vai penalizar as famílias com aumentos de impostos e cortes de salários", disse Francisco Louca, líder do partido Bloco de Esquerda, o quarto maior no parlamento português. "A greve é um sucesso extraordinário no transporte público de Lisboa, do Porto e no restante do país, nos serviços públicos e em hospitais, com médicos, enfermeiras e equipe administrativa defendendo o sistema de saúde nacional", disse Louca.
Sindicatos que representam 650 mil trabalhadores anunciaram apoio à greve geral - a primeira desde 2007. A greve foi convocada depois que o governo anunciou uma segunda rodada de medidas de austeridade neste ano para aumentar os esforços para atingir as metas estabelecidas para o déficit orçamentário. Em setembro, o governo anunciou mais um aumento no imposto sobre valor agregado, de 21% para 23%, em 2011, junto com um corte de 5% nos gastos estatais com salários. As informações são da Dow Jones.

Europa em crise I

                  

Estudantes britânicos preparam protesto; polícia teme violência


 Milhares de estudantes de vários níveis do ensino realizam manifestações nesta quarta-feira em toda a Grã-Bretanha contra os planos do governo de aumentar as mensalidades universitárias, duas semanas depois de um protesto que resultou em violência no centro de Londres.
Greves estudantis e passeatas estão programadas em universidades, faculdades e colégios.
Pela proposta do governo, de centro-direita, o custo dos estudos universitários deve quase triplicar, chegando a até 9 mil libras (14,5 mil dólares) por ano.
Há duas semanas, manifestantes invadiram a sede do Partido Conservador (governista), em Londres, no primeiro grande protesto no país contra os cortes orçamentários de 81 bilhões de libras (130 bilhões de dólares) anunciados no mês passado pelo governo.
A polícia disse que estará atenta para que o tumulto não se repita nesta quarta-feira.
"Quem planeja tomar as ruas de Londres com a intenção de causar desordem, violência e crime deve entender que isso não será tolerado e que (os responsáveis) serão presos", disse o comandante policial Bob Broadbent.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Explosão demografica global de desemprego

OIT: Brasil precisa criar 1,5 milhão de vagas por ano


A economia brasileira terá de criar a cada ano pelo menos 1,5 milhão de empregos extras até 2020 apenas para absorver a mão de obra que se tornará população economicamente ativa do País. Os dados foram publicados ontem pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em um documento enviado aos líderes do G-20 - grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo.
A entidade insiste que o grupo não pode tomar decisões sem pensar em solucionar a crise do emprego. Mas aponta o Brasil como o segundo país que mais reduziu o desemprego desde o auge da crise, no início de 2009. No total, os países do G-20 terão de criar 21 milhões de postos de trabalho por ano para frear o desemprego em suas economias até 2020. Se todas as 192 economias forem consideradas, o mundo terá de criar 440 milhões de empregos em dez anos, tarefa que a OIT admite ser o maior desafio da década para os políticos.
O maior número de empregos terá de surgir na Índia: quase 10 milhões por ano. Mas o Brasil está na quarta colocação entre os que terão o maior desafio, já que ainda conta com uma população jovem que, nos próximos anos, passará a buscar trabalho. Segundo a OIT, até 2020 o Brasil precisará criar 15 milhões de vagas extras na economia para absorver a população que passará a ter idade para trabalhar. Na China, terão de ser criados 2,3 milhões de empregos por ano até 2020 e, nos Estados Unidos, a projeção é de que o número extra será de 1,1 milhão por ano.



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sábado, 6 de novembro de 2010

mudanças e desesperanças ideologicas

O Partido dos Trabalhadores ganhou as eleições e Tarso Genro será o próximo governador do Rio Grande. Mas isso está muito longe de ser o povo no exercício do poder. Pelo contrário, o modelo petista provou, ao longo dos últimos 20 anos, ser um modo superior de administração dos interesses dominantes. O partido ganhou status de elite dirigente nacional e a administração petista o reconhecimento do FMI e do Banco Mundial, chegando ao governo sem mudar a relação de poder.

            Não foram poucos os militantes de base envolvidos nesta campanha eleitoral, motivados também pela enorme rejeição que representou o Governo corrupto e repressivo de Yeda Crusius e seus aliados. Porém, a vitória de Tarso tampouco representa a derrota do projeto neoliberal traçado a longo prazo para o Estado. Para fazermos uma projeção lúcida do que representará os próximos 4 anos com o PT e Tarso Genro no Estado, distante da euforia, é importante relembrar o que representou o partido no governo do RS (período 1999-2002) e ainda Tarso na Prefeitura de Porto Alegre (período 2000-2004 junto com Verle).

           
O PT e Tarso nos governos municipal e Estadual
            A gestão petista de 1999 a 2002 no Estado é um didático exemplo da cooptação como uma arma de governo para controlar os movimentos sociais. Nessa ocasião a ex-dirigente do CPERS Lucia Camini assumiu o posto de Secretária de Educação e não atendeu a pauta da greve dos trabalhadores em educação. Na avaliação do governo o pedido era de calma aos trabalhadores e na interna da categoria o sindicato foi desgastado por aqueles dirigentes que faziam correia de transmissão dos interesses do partido no governo.
            Já Tarso na Prefeitura de Porto Alegre juntamente com Verle, deixou de herança o fim da bimestralidade dos trabalhadores municipários e contribuiu com o processo de sucateamento do serviço público. Foi na gestão petista também que teve início a corrupção envolvendo a Prefeitura e as empresas de coleta do lixo num esquema de norte a sul do Brasil conhecido mais tarde como máfia do Lixo onde o caixa 2 financiador das campanhas veio à tona.
A revitalização do centro e a repressão aos trabalhadores informais, carroceiros e carrinheiros também fizeram parte da política levada pela Prefeitura alinhada com as diretrizes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Não foi à toa que a gestão Tarso/Verle representou o fim de 16 anos consecutivos de administração do PT na Prefeitura da Capital. Foi um longo processo de cooptação e desgaste do movimento popular através de mecanismos como o Orçamento Participativo, que culminaram com a retirada de direitos dos servidores públicos, a repressão aos trabalhadores informais e o enfraquecimento das comunidades.


A volta do PT e a relação com o Banco Mundial e a Agenda 2020
             Para os mais otimistas, o Partido dos Trabalhadores não somente volta ao governo depois de 8 anos, mas também leva a marca histórica de ser eleito no primeiro turno, além de garantir uma representação majoritária na Assembléia Legislativa. Porém, não devemos fazer uma análise reduzida ao último pleito, pois há uma estratégia neoliberal para o Rio Grande do Sul que vem sendo construída antes mesmo das penúltimas eleições, em 2006. Foi também jogar dentro das regras do jogo que fez a coligação de Tarso chegar ao Governo.
Em uma dessas articulações que na época foi chamada de Pacto Pelo Rio Grande, o PT fez consenso com as mudanças estruturais no Estado de caráter neoliberal e nos anos seguintes aprovou e militou o nefasto acordo com o Banco Mundial levado a cabo por Yeda Crusius.
Não devemos nos surpreender com os fatos. Tarso Genro, onze dias após o resultado das eleições, anuncia na sede do Banco Mundial em Brasília a continuidade dos acordos firmados pelo atual Governo do Estado com o organismo internacional. Além disso, faz o pedido de um novo empréstimo para 2011. Outro fato corrente, em menos de três semanas após o pleito, foi a presença de Tarso como convidado de honra do encontro da Agenda 2020, formalizando o apoio ao projeto.

Quando a arma do diálogo esconde a cooptação.
No discurso feito algumas poucas horas depois do resultado, Tarso disse que irá governar usando a arma do diálogo. Mesmo assim, o Governo de Tarso não representará de fato uma ruptura com o projeto político definido pela estratégia neoliberal.
O chamado governo da coalização de Tarso se diz utilizar da mesma tecnologia empregada por Lula, ou seja, a colaboração de classes. É a mesma engenharia do pacto social dos 8 anos de gestão petista no governo federal que será adotada no Estado. O mecanismo de acomodar os interesses enfraquece e seduz os de baixo para a cooptação, sem confrontar os planos dominantes que acabam prevalecendo.
Comparando com Yeda Crusius, a principal mudança é no método, pois se nos últimos 4 anos o tratamento dado aos movimentos sociais foi a repressão e a truculência, podemos esperar que os próximos serão marcados pela enrolação e pela cooptação. As reivindicações serão recebidas, mas não há garantia de que serão atendidas, pois o Estado está comprometido e endividado com o Banco Mundial. A partir de então, com o provável desgaste estará acompanhado o forte risco de cooptação, conforme o próprio PT em distintos níveis de governo já demonstrou historicamente ser uma forma superior de administração burguesa.

Fortalecer a solidariedade e a independência de classe pra derrotar o Banco Mundial
            A tarefa que nos cabe enquanto lutadores do povo e militantes da esquerda com intenções reais de transformação é difícil, mas, necessária. Este novo governo não difere do anterior com relação às questões estruturais do Rio Grande. O grande esforço a ser feito é desmascarar a política neoliberal que está por trás do discurso de crescimento e das promessas de campanha.
            Exemplo: por detrás dos prometidos investimentos no saneamento que acompanham a ampliação do tratamento de esgoto, do abastecimento de água e da viabilização de 100 novos galpões de reciclagem estão em curso outros interesses. Não é a toa que a galope está o processo de privatização da CORSAN a partir dos municípios e também a terceirização do serviço de coleta para as empreiteiras. Resistir às multinacionais da água e máfia do lixo é parte da garantia de um futuro digno para o povo em franca oposição as ordens do Banco Mundial e os respectivos governos eleitos.
            Alguns direitos fundamentais como a manutenção do plano de carreira, o piso nacional para os professores e a Reforma Agrária, por exemplo, só serão garantidos plenamente confrontando os interessas do Banco Mundial que envolvem a implantação da meritocracia e a expansão do agronegócio, respectivamente. Na prática, não há diálogo entre modelos opostos, pois este novo governo demonstra ao discursar isso a intenção em cooptar para supostamente atender a todos.
            Para além dos projetos de governo, reivindicações básicas como a garantia de um serviço público de qualidade para o povo, de um salário digno para os trabalhadores e uma efetiva implementação do SUS, são conquistas que contrapõem as políticas neoliberais das terceirizações, das OSCIPs e Fundações. Portanto, não há medida de conciliação possível quando os fatos em curso nos colocam na condição de resistência.
            Em tempos de alívio ou euforia para muitos companheiros militantes do dia-a-dia com a chegada de Tarso ao Governo do Estado, firmamos a necessidade de uma aliança entre todos os setores das classes oprimidas para resistir ao neoliberalismo. Nosso maior inimigo está instalado no aparelho de Estado pelos próximos 30 anos e conta com o consentimento dos distintos governos e a cumplicidade dos meios de comunicação.
            Ao contrário do que diz a mesma mídia que mentiu e omitiu a respeito do contrato junto ao Banco Mundial, a esquerda não chegou ao poder com a vitória. É hora de reinventar, reagrupar as forças e confluir para projetos comuns e objetivos de resistência palpáveis.  

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Economia mundial e acumulação de papeis valiosos e o sustento dos seres

O Fundo Monetário Internacional analisa nesta sexta-feira a duplicação de seu capital, proposta pelo G20, e a distribuição do direito a voto entre os Estado membros, duas mudanças descritas como históricas pelo diretor-gerente Dominique Strauss-Kahn.
"Haverá outras reformas. Mas, sem dúvida, hoje terminamos um debate que ocupou os titulares durante décadas", afirmou Strauss-Kahn depois de um acordo alcançado pelos ministros da Fazenda e dos bancos centrais dos países ricos e emergentes do G20 em 23 de outubro passado.
O Conselho de Administração, formado por 24 dos países membros, denominou seu programa oficial desta sexta como "A reforma de cotas e a governança do FMI: elementos de um acordo".
As cotas são as contribuições dos 187 Estados membros para o capital do FMI. O capital deve ser duplicado a 750 bilhões de dólares, resolveu o G20.
E por trás da expressão "governança" se ocultam as mudanças na divisão do poder dentro do organismo multilateral, em particular seu conselho de administração.
Em sua chegada a Washington, em 2007, Strauss-Kahn teve como prioridade a conclusão do prolongado debate sobre a nova distribuição de cotas.
Quando foi adotada formalmente pelos Estados membros em abril de 2008, o dirigente saudou esse passo como "o começo da nova legitimidade do Fundo".
No entanto, esta reforma ainda não foi implementada pela falta de ratificações suficientes dos membros. O FMI esteve sobrecarregado pelos países europeus, herança do final da Segunda Guerra Mundial.
A reforma de 2010 está pensada para pôr um ponto final nisso. Um dos aspectos mais importantes é a substituição do "G5" do FMI por um "G10".
O grupo de cinco países com um assento no conselho (Estados Unidos, Japão, Alemanha, França e Reino Unido) deve incluir outros cinco: China, Itália, Brasil, Índia e Rússia.
Os outros 177 países deverão compartilhar outros 14 assentos. A China deve passar do sexto para o terceiro país com direito a voto.
Os países ricos e emergentes do G20 aprovaram em outubro esses grandes pontos. O Conselho de Administração deve traduzi-los nesta sexta-feira em propostas concretas.
Essas propostas serão transmitidas à assembleia dos 187 Estados membros, o conselho de diretores, que terá um mês para se pronunciar a respeito. Depois serão enviadas aos países: em função de sua Constituição, as ratificarão por seu parlamento ou seu executivo.
O FMI necessita que 111 países - que reapresentam 60% dos direitos de voto - as ratifiquem, processo que levará vários anos, segundo os analistas.
hh/cn

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Greve na França pelo direito de aposentadoria digna e com saúde

os governos elitistas deixam os especuladores de bancos expropriar e endividar os Estados depois quem paga as dívidas são os trabalhadores pobres que dependem de salarios.É a velha lógica os governos preferem deixar de imprimir mais papel moeda e deixar os seres humanos escravos e trabalhadores morrerem por tanto trabalharem em idade avançada. Os politicos e lideres geralmente são milionarios não se importam com os direitos dos trabalhadores.Todo apoio aos trabalhadores e estudantes da França.Não a reforma da Previdencia.
Para Bernard Thibault, presidente da poderosa central CGT, "o governo continua intransigente."
"Precisamos continuar com uma ação em massa já na semana que vem... vamos pedir aos sindicatos uma ação forte, que permita às pessoas pararem de trabalhar e irem às ruas", disse à rádio RMC.
Em vários lugares da Europa, governos têm tomado medidas para cortar gastos públicos, dívidas e déficit. Mas em nenhum lugar a reação é tão forte quanto na França.
A imprensa local chamou a atenção para o contraste em relação à Grã-Bretanha, onde medidas de austeridade anunciadas na quarta-feira -- inclusive corte de 500 mil funcionários públicos e elevação da idade de aposentadoria para 66 anos -- não provocaram protestos comparáveis.
"O governo francês está seguindo o exemplo econômico anglo-saxão", disse Jean-Claude Mailly, presidente da central radical Force Ouvrière. "Ele precisa estar ciente de que está nos emparedando", acrescentou.
ESTUDANTES NAS RUAS
Milhares de estudantes, temerosos de que a reforma piore as perspectivas de empregos para os jovens, também foram às ruas de Paris no primeiro grande protesto do outono (no Hemisfério Norte).
As demonstrações têm sido pacíficas, exceto por incidentes esporádicos na cidade de Lyon (sudeste) e em Nanterre (periferia de Paris), onde confrontos entre jovens e policiais voltaram a ocorrer na quarta-feira

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

art desing

A 31 de outubro o Brasil vai enfrentar um dia de nova eleição para eleger o presidente do país sul-americano, mas desta vez os candidatos para a segunda fase será Dilma Roussef, economista e ex-governador José Serra. 

Nenhum dos candidatos a brasileira conseguiu neste domingo mais de 50 por cento dos votos válidos. 
Dos nove candidatos na corrida presidencial apenas quatro deles pertenciam a partidos que têm representação no Parlamento. 
Entre eles: Dilma Roussef (PT), José Serra (Partido da Social Democracia Brasileira), Marina Silva (Partido Verde) e Plínio de Arruda Sampaio (Partido do Socialismo e Liberdade). 

O economista e candidato para o Partido dos Trabalhadores (PT) venceu com 46,42 por cento dos votos, 96,03 por cento das assembleias de voto. Enquanto o candidato social-democrata, ficou em 32,85 por cento. 

Em terceiro lugar veio o candidato do Partido Verde, Marina Silva, 19,62 por cento. 

O processo eleitoral, para trazer a cadeira do Palácio do Planalto o novo chefe de Estado, foi encerrada, como previsto, às 17:00 hora local (20H00 GMT).
O segundo turno nas eleições presidenciais do Brasil terá lugar na votação de alta venceu o candidato do Partido Verde, Marina Silva, e do nível de abstenção registado, de acordo com o filósofo Luis Delgado, disse em uma entrevista exclusiva com a Telesur.
''Além dos votos da Marinha (Silva), mais as abstenções são autorizados a segunda rodada,''disse ele.
Delgado disse que 18 por cento dos eleitores que se abstiveram nas eleições deve levar à reflexão sobre os partidos do governo e da oposição.
"O que significa 18 por cento, 20 milhões de eleitores que não vão às urnas? (...) (...) É acreditar que as promessas não são fulfilled''he disse.
Como o candidato que vai apoiar o Partido Verde no segundo turno'', disse o filósofo teria de prestar atenção em como o número de votos seria administrado.''
Mais de 135 milhões de brasileiros foram chamados às urnas para escolher não só o novo chefe de Estado, mas também os governadores dos 26 estados e no Distrito Federal, e 513 deputados nacionais, 27 deputados e 54 senadores legislaturas (dois terços do Senado).
Para estas eleições envolvendo 22.570 candidatos, dos quais nove foram para presidente, 171 a governador, 273 para o Senado, 6.036 e 15.280 deputado federal para o nível regional ou distrital adjunto.
O representante do candidato do PT presidencial, Dilma Rousseff, exerceu o seu direito de voto em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, e foi incentivado pela velocidade do processo. 
Por seu turno, o candidato da oposição de 68 anos, José Serra, que foi eleito governador de São Paulo nas eleições de 2006, participou da mesa de voto na 13H00 hora local (16H00 GMT), acompanhado por sua esposa, Mônica Allende no Chile , e seu companheiro de chapa, Indio da Costa.
A última pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), ressaltou que se houver segundo turno em 31 de outubro, Dilma Rousseff obter cerca de 53 porcento dos votos, enquanto Serra teria um máximo 40 por cento.

sábado, 2 de outubro de 2010

informção


e o tráfico de dados, informação, influência e poder: haveria meios de reduzir a indevida manipulação de informação em posse dos poderes públicos, no interesse de uma sociedade mais igual?…
o que significa igualdade, neste contexto? primeiro vamos levar em conta  que democracia, no sentido amplo, é um regime de direitos, deveres e oportunidades iguais para todos.
na prática, o que isso quer dizer?… nos cenários de negócios, por exemplo, que a probabilidade de A conseguir um empréstimo no BNDES [um banco de desenvolvimento, público] é igual a de B, C, D… e quem mais atenda aos mesmos requisitos que A atende. ah, sim: passar pelo crivo opaco e pessoal de algum agente [público ou privado] não faz parte deste cenário. raciocínio equivalente se aplica para as chances da empresa X conseguir um contrato com os correios, em igualdade de oportunidades na disputa com as empresas Y e Z.
que tipo de crivo “opaco” seria este? pagar pela atenção do BNDES para seu projeto não faz parte do tal regime de direitos, deveres e oportunidades iguais para todos de que falamos antes. assim como pagar pela decisão dos correios em favor de X ao invés de Y ou Z.
mas por que isso acontece, não com necessariamente o BNDES e os correios [ambos citados no caso erenice], mas em larga escala, brasil afora, em todos os níveis de governo?
e por que, escândalo após escândalo, tantos que anestesiaram a população e o eleitorado, se troca pessoas e se mantém o processo quase sempre opaco que pauta boa parte das decisões e operações das mais variadas instâncias de governo?ao invés de trocar as pessoas, é preciso trocar so processos.é preciso dar mais transparência a todos os processos que envolvem agências e agentes de governo. e isso tem que ser feito na federação, estados e municípios e tem a ver com mudança [muitas vezes radical] de métodos e processos daa agências e agentes públicos, sua informatização e com o acompanhamento cidadão, em tempo real, de tudo o que acontece no setor público em geral.
coisas simples, como mandar um emeio informando que sua declaração de renda acabou de ser copiada [da mesma forma que um banco avisa quando depósitos ou retiradas são realizadas] já seriam um começo importante. o vazamento de dados do imposto de renda cairia para perto de zero, se isso fosse feito, pois aí só os servidores com acesso direto aos bancos de dados poderiam extrair declarações das bases… mas aí seria muito mais fácil descobrir os responsáveis.durante anos, décadas, boa parte do software do setor público vem informatizando a caótica e opaca burocracia governamental. está na hora de tornar os métodos e processos de governo muito mais transparentes e por informática a serviço da cidadania e de um país muito menos sujeito à opacidade das operações públicas, cortina debaixo da qual operam corruptos e corruptores, desde que o mundo é mundo e não só aqui no brasil.
ah, sim: argumentar que se roubava no passado e “agora não pode?…” não é argumento em prol da democracia pela qual, pelo menos de fachada, todos os partidos dizem estar lutando. é manter o ESTADO na mão dos poucos que conseguem chegar nos tais cargos que se ocupam de processos opacos e manter um estado de coisas que criou, em tempos recentes, a tal da “governabilidade” e outros penduricalhos que começam a se tornar estruturais numa forma contemporânea de “democracia à brasileira” com a qual não podemos continuar convivendo, sob pena de transformar o país numa cleptocracia sem paralelo na história das nações.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

desviadores profissionais, os politicos vivendo de impostos

As eleições brasileiras estão entre as mais caras do mundo. Escolhemos nossos representantes em formato proporcional, com listas abertas, o que provoca competição dentro do próprio partido e personaliza a captação de recursos para as campanhas. Mesmo com o horário eleitoral gratuito em rádio e televisão, verdadeiras fortunas são gastas pelos partidos na produção de propaganda. A grande circulação de dinheiro acaba abrindo margem para desvio de recursos, utilização de caixa dois e uso de verba pública para manutenção de currais eleitorais. Preocupado com a questão, o Senado chegou a instituir uma Comissão de Reforma do Código Eleitoral, buscando formas de diminuir os custos de um modelo eleitoral oneroso e pouco transparente.
Um estudo publicado em 2006 pelo brasilianista norte-americano David Samuels traz uma série de dados sobre o custo das campanhas eleitorais no Brasil. Samuels comparou, por exemplo, as despesas de campanha no Brasil e nos Estado Unidos. Nas eleições brasileiras de 1994, foram gastos cerca US$ 4,5 bilhões na campanha eleitoral. Já as eleições norte-americanas de 1996 custaram cerca de US$ 3 bilhões.
Os dados do estudo de Samuels se tornam ainda mais surpreendentes se lembrarmos que o horário eleitoral de rádio e TV é gratuito no Brasil, com as redes de comunicação sendo ressarcidas por dedução de impostos. Nos Estados Unidos, a veiculação é paga pelas próprias candidaturas. Segundo dados da pesquisa de Samuels, o candidato à Presidência nas eleições de 1994 e 1998, Fernando Henrique Cardoso, gastou mais de US$ 40 milhões, mesmo sem pagar pelo tempo na televisão. Bill Clinton, por sua vez, gastou em 1996 um total de US$ 43 milhões – boa parte investido na compra de espaços na TV.
OscilaçõesNas eleições gaúchas, os gastos com campanha apresentam grandes oscilações. O primeiro colocado nas pesquisas para o governo do RS, Tarso Genro (PT), gastou R$ 3,7 milhões ao todo em sua campanha de 2002 pelo Piratini. Contando apenas a segunda prestação de contas de 2010, com dados ainda parciais, Tarso já quase iguala esses gastos: o petista declarou R$ 3.032.597,57 em despesas de campanha. Bem menos, porém, que os R$ 6,4 milhões investidos na candidatura de Olívio Dutra em 2006.
Yeda Crusius (PSDB) desembolsou R$ 6,2 milhões em 2006, mas apresenta números mais modestos em 2010: cerca de R$ 3,2 milhões foram declarados na segunda prestação de contas apresentada ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O PMDB, por sua vez, mantém certa coerência de gastos – os quase R$ 2 milhões gastos por José Fogaça até aqui podem parecer muito, mas talvez não superem os R$ 3.247.855,90 gastos por Germano Rigotto na sua tentativa de reeleição em 2006.
A aparente contenção de despesas dos peemedebistas na corrida pelo Piratini não espelha o investimento feito na candidatura de Germano Rigotto (PMDB) ao Senado. Na segunda parcial, apresentada ao TRE no início de setembro, o candidato declarou R$ 1.089.223,15 em receitas de campanha – quase o dobro do que foi investido em toda a campanha de Pedro Simon (PMDB), em 2006, e quatro vezes mais que os modestos R$ 266.706,18 de Odacir Klein, em 2002. Paulo Paim (PT) gastou bem menos até aqui: R$ 177 mil, que podem se igualar no final da campanha aos R$ 549 mil investidos por Miguel Rossetto (PT) em 2006. Ana Amélia Lemos (PP) também já superou os gastos de Mario Bernd (PPS), o candidato ao senado da chapa de Yeda Crusius em 2006. Enquanto Bernd declarou R$ 311 mil, Ana Amélia já desembolsou R$ 838.932,87 – conta que deve aumentar até o final da corrida pelo Senado.
Alguns candidatos, em especial os que concorrem a deputado estadual e federal, gastam bem mais com a campanha do que acabam recebendo durante os mandatos. Giovani Cherini (PDT), presidente da Assembleia gaúcha e que agora concorre a deputado federal, declarou gastos de R$ 277 mil em sua segunda parcial da prestação de contas. Considerando que um deputado estadual tem salário de R$ 11.564,76 mensais, Cherini já gastou na campanha dinheiro equivalente a 23 salários da Assembleia – quase dois anos de trabalho.
O coordenador da campanha de Tarso Genro (PT) ao Piratini, Carlos Pestana, explica que os gastos com a candidatura tiveram como base de cálculo o dinheiro investido na campanha de Olívio Dutra (PT) em 2006. “Fizemos algumas correções, especialmente por causa dos gastos de produção dos programas de rádio e TV, que subiram acima da inflação”, diz Pestana. Segundo ele, cerca de 40% do dinheiro são destinados exclusivamente à divulgação na mídia (TV, rádio e Internet), enquanto o restante é utilizado para impressão de material de campanha e pagamento de pessoal.
Já a assessoria de Germano Rigotto (PMDB) esclarece que o candidato ao Senado é “muito cuidadoso” e está declarando todos os gastos de campanha de maneira bastante escrupulosa, o que acaba gerando valores bem acima dos demais candidatos. Segundo a assessoria, os gastos de Paulo Paim (PT) e Ana Amélia Lemos (PP) devem ser ainda maiores, mas podem estar “diluídos” na campanha majoritária de cada partido, o que diminui os valores para declaração. O maior gasto de Rigotto também está na produção de programas de TV – ainda que Rigotto adote uma postura de contenção de custos, optando por gravar a maioria de suas aparições em estúdio, o que gera economia com gastos de equipe.
Pouca transparênciaO Secretário da Governança de Porto Alegre, Cezar Busatto, já participou de campanhas eleitorais no Brasil e nos EUA, onde trabalhou como voluntário na candidatura de Barack Obama à presidência norte-americana. Busatto acredita que a o modelo eleitoral dos EUA, onde o financiamento de campanha é feito pelos próprios eleitores, gera uma transparência e um comprometimento com o eleitor completamente diferente do que temos no Brasil, onde o financiamento é feito especialmente por meio do empresariado. “Acaba sendo um modelo pouco transparente, já que muitas vezes os empresários não querem se identificar ou mostram apenas parte do que contribuíram”, conta Busatto. “Além disso, acaba gerando um comprometimento do candidato não com o eleitor, mas sim com seus principais financiadores. É uma distorção do modelo eleitoral”, afirma.
Para Busatto, o modelo eleitoral brasileiro acaba se baseando em critérios financeiros, o que causa o inchaço dos orçamentos de campanha. “Ao invés de conquistar o eleitor pela atuação ou por convencimento, o político acaba, de certo modo, comprando o eleitor. Tanto de maneira direta, como no pagamento de cabos eleitorais, ou de forma indireta, como no trabalho de divulgação na mídia, que hoje em dia é caríssimo”. O uso da mídia, segundo Busatto, também se ressente dessa distorção. “O foco não é mais da prestação de contas, da divulgação de realizações, e sim agradar o eleitor. É uma indústria que serve para reforçar as classes políticas dominantes e manter essas formas perversas e insustentáveis de financiamento”, critica Busatto.
Financiamento público“Precisamos instituir no Brasil o financiamento público não-estatal”, defende Busatto. Para ele, a contribuição para campanhas deveria ser doada apenas por pessoas físicas. “Se um empresário quer contribuir, que faça isso com seu dinheiro, que pague do próprio bolso, sem envolver sua empresa. Com registro das suas contribuições, evidentemente. A mudança desse modelo de financiamento está na raiz de todas as demais mudanças. Uma reforma política que não enfrente de frente esse problema será uma reforma maquiada, que não promove uma verdadeira mudança”.
Mas Busatto faz uma ressalva importante. Em sua opinião, esse dinheiro também não deve ser fornecido diretamente pelo governo. “Hoje em dia, os deputados acabam criando imensas máquinas eleitorais com as verbas de seus gabinetes. Isso é uma vergonha para o país”, lamenta. “Um deputado federal, no Brasil, recebe R$ 12 milhões por ano só de emendas parlamentares. Esse dinheiro acaba servindo para que os deputados e senadores possam manter os seus currais eleitorais. Essas emendas são uma forma indireta de financiamento estatal, e impedem a renovação política. Precisamos extingui-las também”, defende.
FiscalizaçãoO cientista político David Fleischer concorda com Busatto, mas faz uma ressalva. “A Justiça Eleitoral precisa ser capacitada para fazer uma fiscalização efetiva dessas eleições”, adverte. “Um modelo de financiamento público dificulta o controle. É uma coisa que funciona nos EUA, onde há um formato muito mais rígido de fiscalização”. Além disso, Fleischer lembra que, além do caixa dois dos partidos, há também o das empresas que financiam as campanhas. “A grande maioria das empresas faz caixa dois para evitar as cobranças do fisco. Para acabarmos com essa prática, teremos que combatê-la não só no coração dos partidos políticos, mas também nas empresas que passam dinheiro para as candidaturas”.
O coordenador da campanha petista pelo governo estadual, Carlos Pestana, acredita que o uso de recursos públicos seria fundamental para dar mais transparência e baratear as eleições. “Isso garantiria a proporcionalidade de recursos e uma disputa mais igual entre os candidatos”, defende. “As eleições são, de fato, muito caras. Se o financiamento de campanha for feito apenas com recursos públicos, teremos um controle maior sobre os gastos de campanha”.
David Fleischer acredita que um passo decisivo para o barateamento das eleições é acabar com as campanhas individuais para deputado estadual e federal. Para ele, um modelo de votação aberta favorece o personalismo e multiplica os custos, já que um candidato não concorre apenas com seus adversários políticos, mas também com os próprios correligionários. “Não podemos mais conviver com isso. Uma votação com lista fechada, na qual se vota no partido e não no candidato individualmente, seria um passo na direção de acabar com essa distorção”, argumenta.
A adoção de uma cláusula de barreira, que limite o número de candidaturas e impeça os partidos ditos “nanicos” de concorrer, também é vista com bons olhos por Fleischer. “As eleições brasileiras são inchadas demais. Alguns defendem que as eleições contemplem todos os cargos de uma só vez, o que faria com que ocorressem de quatro em quatro anos, ao invés de dois em dois, como é hoje. Pessoalmente, não concordo com isso. Acho que uma diminuição no número de candidaturas seria muito mais efetiva”, defende.