terça-feira, 25 de junho de 2013

Maior medo além do Big Brother

De pioneiro do punk a ídolo da garotada, João Gordo explica como consegue se reinventar

por ANDRÉ BARCINSKI
Poucos artistas no mundo são polivalentes a ponto de participar de um programa infantil na TV e, no dia seguinte, se apresentar em um festival de música extrema, junto a masoquistas pendurados por anzóis e freaks que martelam pregos nos próprios membros. Mas assim é a vida de João Francisco Benedan, 49 anos, mais conhecido por João Gordo. “Eu sou um paradoxo ambulante”, ele diz, esparramado em um sofá na confortável casa modernista que divide com a mulher e empresária, Vivi Torrico, e os filhos Victoria e Pietro, em São Paulo.
Esses dias, Gordo voará da Flórida, onde participa da final do programa infantil Ídolos Kids, para a República Tcheca, onde o grupo dele, o Ratos de Porão, é uma das atrações da 15ª edição do Obscene Extreme, o maior festival de música extrema do mundo. O evento reunirá cerca de 70 bandas, de nomes cultuados do submundo do rock, como Napalm Death e Negative Approach, a grupos menos conhecidos – porém igualmente barulhentos – como Horsebastard e Haemorrhage.
Em 2013, João Gordo completa 30 anos como vocalista do Ratos de Porão, uma das bandas mais longevas do Brasil, conhecida em todo o mundo por discos clássicos do hardcore latino-americano, como Crucificados pelo Sistema (1984), Brasil (1989) e Anarkophobia (1991). Filho de um guarda civil e uma manicure, Gordo cresceu no mundo alternativo de punks, skinheads e headbangers, mas ficou famoso mesmo na MTV, onde comandou vários programas por 14 anos.
O ano de 2013 marca outro aniversário de 30 anos: o da primeira vez em que João Gordo foi chamado de “traidor do movimento”. Nestas três décadas, foram vários os movimentos “traídos” por ele: quando era punk, virou fã de heavy metal; quando era alternativo, virou apresentador de TV. Fez uma música esculhambando pastores evangélicos, para depois ir trabalhar na Record, emissora do bispo Edir Macedo. Esse “paradoxo”, como ele diz, o acompanha no dia a dia: João e família já saíram da festa de aniversário do filho da apresentadora Eliana, em um bufê de luxo, diretamente para um show do grupo de grindcore Brujeria. Recentemente, ele fez uma operação nas pernas que o deixou de molho em casa por várias semanas. Na sala ampla de casa onde mora, decorada com pôsteres de bandas agressivas, como Rystetiit e Discharge, recebeu telefonemas e cartões de melhoras de amigas como Adriane Galisteu, Kelly Key e Joana Machado, vencedora do reality show A Fazenda.
Assim, como João Gordo consegue equilibrar a vida com Kelly Key de um lado e o Brujeria de outro? “Eu não tenho contrato com ninguém, faço o que gosto”, diz o cantor, sem hesitar. “Depois de uma certa fase, você para de se preocupar tanto com o que as pessoas acham de você.”
Você vai participar do júri do Ídolos Kids em Miami, e de lá sai para tocar com o Ratos em um festival de música extrema....
Acho que sou o único cara do mundo que tem esse paradoxo. Eu sou um paradoxo ambulante, tenho um pé no mainstream mais desprezível e outro pé no underground mais podre do mundo.
Você acha que sua figura pública foi ficando mais mainstream enquanto o Ratos foi ficando cada vez mais extremo?
Eu não ligo pro que falam de mim. Não tenho nada a perder no quesito “traidor do movimento”. Sou criticado há muitos anos, desde que falei, no fanzine Lixo Cultural, em 1983, que o Ratos não era mais punk – era hardcore. Foi aí que começou essa lenda da “traição do movimento”.
Como foi essa história?
Em 1983, época do hardcore europeu e americano, eu estava ouvindo coisas tipo Rystetiit, Discharge, Dead Kennedys, Rattus, Minor Threat, Disorder. Não tinha internet, e as coisas demoravam para chegar , mas a gente tinha contato com o pessoal de fora, via carta, e estava ligado no que estava rolando. Enquanto a gente ouvia hardcore, a maioria dos punks daqui só ouvia Sex Pistols, Exploited, Clash, Ramones, as bandas [do ano] “77”. Daí eu disse que o Ratos não era punk, era hardcore, e o bicho pegou.
O que houve?
Eu fui agredido, me ameaçaram. Naquela época, por causa do filme Warriors – Os Selvagens da Noite, a cena punk em São Paulo era dividida por bairros, cada um tinha sua gangue. Quem viu oBotinada [documentário de Gastão Moreira sobre a cena punk paulistana] sabe. Eu era da zona norte. Passei a andar com a chamada Turma da Carolina. Depois, a coisa ficou ainda pior quando o Ratos começou a tocar metal.
Como você foi parar na MTV?
Eu vivia de fazer shows com os Ratos e de escrever umas matérias pra Bizz, pra Folha e pra uma revista de skate chamada Yeah, mas não tinha dinheiro pra nada. O que tinha, eu gastava em coxinha, fumo e cerveja. Daí a MTV começou a me chamar pra fazer umas reportagens, viram que eu era engraçado no vídeo. Fiz a entrega de um prêmio, entrevistei o Mamonas Assassinas e a Hebe Camargo, os caras da MTV gostaram. Depois de umas duas vezes, eu disse: “Porra, por que vocês não param de me dar tapinha nas costas e me contratam logo?” Aí me contrataram. Fui fazer oFeirão MTV, um programa na praia, com a Sabrina [Parlatore].
Você fez o Garganta e Torcicolo...
Esse programa era de tarde, eu adorava. Era ao vivo, um programa infantil do inferno. Nessa época eu tava loucão, chegava no programa virado de balada, falando merda, sem controle nenhum. Eu ia pro Love Story [casa noturna paulistana], ficava lá a noite toda e chegava às 3 da tarde na MTV, de mão dada com uma puta, louco de ecstasy, de ácido e de pó. Era por isso que eu bebia tanta água no programa! Mas o programa fez um puta sucesso. Lembro que o André Vaisman, que foi um dos melhores diretores que a MTV teve, adorava o programa, ele viu o potencial do louco. Eles me deixavam solto, não tinha texto. Dali, fui pro Gordo Pop Show, comecei a fazer entrevista, entrevistei o Ratinho, o Marky Ramone, era um programa de games, e eu era a Dercy Gonçalves do inferno. Entrevistei o Fofão, foi engraçado demais. Teve uma com o Bozo e o Sergio Mallandro juntos, em que eu perguntei pro Bozo por que ele cheirava tanto quando fazia o programa.
Como foi isso?
Teve uma época em que eu saí do Ratos. A banda não tinha nem instrumento, só o Jão que tinha duas baquetas. Os caras estavam tão fodidos que tocavam com instrumentos emprestados. E todas as bandas de que eu gostava começaram a virar metal: Discharge virou metal, English Dogs virou metal, todo mundo começou a deixar o cabelo crescer. Eu só não deixei porque meu cabelo virou black power, cresceu pra cima, eu parecia o vocalista do MC5! Tem uma foto dessa época em que aparecem eu, o Skowa, da Máfia, e o Paulinho Barnabé, e a gente tá parecendo o Jackson Five! Nessa época, as bandas de metal começaram a ficar mais radicais: o Metallica lançou o Kill Em’ All,o Slayer veio com Show No Mercy, o Venom lançou Black Metal. Eu ouvia isso direto. Daí, o Jão me ligou chamando para voltar pra banda e eu disse que só ia se o Ratos começasse a tocar metal.
O que você fazia para ganhar a vida?
Eu era recepcionista de um flat em Higienópolis, vê se pode...
Você cansou logo da cena punk?
Ah, enchi o saco. Os punks viviam tomando Artania, que era um remédio de louco, você ficava zureta, dava um nó na garganta e alucinação. Naquela época não tinha pó, não tinha ácido, a gente não tinha dinheiro nem para ficar louco. A cena punk em São Paulo era tosca, só tinha gangue, bandido, trombadinha, a noção de ideologia era rudimentar, ninguém sabia nada sobre anarquia ou política. Os mais inteligentes e informados ali eram o Clemente [da banda Inocentes], o Ariel [Restos de Nada], o Redson [Cólera] e o Fábio [Olho Seco]. O resto só queria saber de bagunça, de brigar, de cheirar cola e ouvir Sex Pistols e Ramones. Era tosco demais, véio.
E você gostou da cena de metal?
Claro: tinha show, tinha mulher e não tinha briga. Começamos a tocar em shows de metal, fizemos shows no Aeroviários, no Circo Voador. Daí, lançamos o Descanse em Paz (1986), que já tinha todos os clichês de metal, era uma tentativa tosca de fazer um metal-punk, aí começou o estigma de traidor, nego me ameaçando, querendo me pegar na rua.
Chegou a rolar algo mais violento?
Ah, rolou. Eu frequentava o Rainbow, um bar de metaleiro no Jabaquara, e ia pra lá de metrô. E, nessa época São Paulo tinha um ar meio Warriors, eu pegava o metrô em Santana e tinha de atravessar a cidade, e tinha estações perigosas, onde era fácil trombar punks e carecas: Sé, São Bento e Santa Cruz. Era uma aventura. Uma vez, trombei um grupo de carecas, estavam indo pro festival de Águas Claras e desceram no Tietê pra pegar o ônibus. Lembro bem, era uma sexta-feira, os caras ficaram me xingando, eu mandando beijinho pra eles, mas ficou nisso. No domingo, fui pro Rainbow ver um show. Na volta, quem entra no vagão? Os oito carecas! A porta mal fechou e os caras já começaram a me cobrir de porrada. Nessas horas você vira ninja, né? Eu segurei na barra do vagão e comecei a dar uns chutes nos caras. Daí um deles – juro – tinha um arco e flecha! Não sei de onde o cara tirou aquilo, mas tinha, com peninha rosa na ponta e tudo, e tentou me dar uma flechada. Eu acertei uma pezada no cara, daí alguém puxou a corda de emergência e o metrô parou entre a estação Tietê e Carandiru. Os seguranças vieram, eu saí de lá e entrei no primeiro ônibus que passou.
Depois os punks te xingavam porque você era famoso?
Eu sempre fui conhecido. Em 1990, fiz as “Páginas Amarelas” da Veja, isso bem antes de entrar na MTV. Outro dia eu reli a entrevista: que troço escroto! Eu falei uma pá de groselha agressiva, eu era um cara que tava cagando e andando pra vida, queria mais é chocar mesmo. Mas eu não sou aquele cara mais, as pessoas mudam...
Mas você também cheirava no programa...
Sim, eu não tinha controle. Eu só ia em bar de “pego”, tipo Superbacana, Jungle, Torre do Doutor Zero. Ia no Hell’s, tomava de 12 a 15 comprimidos de ecstasy por noite. Eu morava com uma amiga no Brooklyn. A energia no meu quarto era tão pesada, que o quarto apodreceu. Era tanta balada, teco, pó e puta, que o teto caiu!
Você chegou a ir para a UTI, não?
Duas vezes, em 2000 e 2001. Foi minha época mais trash, eu pesava 200 quilos e só queria saber de balada. A primeira vez, eu estava em Paraty, tomei um porre de [cachaça] caramelada, caí de um barranco e quebrei a costela, mas deixei rolar, nem me tratei. No dia seguinte, estava numa Kombi, o carro passou num quebra-molas e a costela furou minha pleura. Comecei a gritar, quase morri, fui pra UTI e fiquei 25 dias internado. Três meses depois, estava em casa com um amigo, cheiramos 5 gramas de pó, tomamos 1 litro de vodca e fomos pra uma festa mexicana, onde bebemos tequila a noite toda. Lá eu encontrei um amigo que me deu um presentinho: heroína. Fui pro Lov.e [famosa boate, já fechada], entrei no banheiro, fiz um speedball [mistura de cocaína e heroína] e cheirei. Saí, dei três passos e caí de costas na pista, quase que precisou de um guindaste pra me tirar de lá. Cheguei na UTI e era a mesma médica me tratando: “Já tá de volta, João?”
Como você, que sempre foi associado ao underground, conseguiu lidar com a fama?
Olha, no início eu sofri muito com isso, mas depois desencanei. A gente tá no Brasil, um país de ladrão, e consegui ganhar dinheiro sem roubar, traficar ou prejudicar ninguém, é uma arte. Eu já estava estigmatizado mesmo, nego já me xingava de qualquer maneira, então eu parei de me importar. Voto de pobreza quem faz é padre. A verdade é que eu comecei a crescer na MTV porque eu aparecia como eu sou, não porque comecei a usar gravata ou mudei meu jeito. Eu sou escroto mesmo, falo desse jeito escroto, não sei o nome de ninguém, até hoje sou assim.
Por que você decidiu trocar a MTV pela Record? Foi só pela grana?
Não, até porque, em termos de grana, eu troquei seis por meia dúzia. A grana da Record era maior, mas nem tanto. O que houve é que a MTV começou a mudar, eles passaram a tratar os artistas muito mal, e tinha uma chefe – não vou dizer o nome dela – que começou a puxar meu tapete lá, chegou até a gritar comigo, eu mandei ela tomar no cu, disse que não era filho dela nem estagiário, vai gritar com a puta que o pariu. Na época, o [Marcelo] Adnet estava tomando conta. Eu não tenho nada contra o cara, até gostava dele, mas a MTV só queria saber dele e cagou pro resto. Um dia, um amigo meu, o diretor Geninho Simonetti, me disse que ia sair da MTV. Eu fiquei triste. Alguns dias depois, ele me liga e diz que falou com o Marcos Mion e perguntou o que eu achava de ir pra Record. Eu não acreditei: “Eu, na Record, véio? Tá maluco? Eu odeio essa crentaiada, fiz até música falando mal deles [‘Igreja Universal’], não vou nem fodendo”. Só que, nesse tempo, eu estava construindo minha casa, e já tinham nascido meus filhos [Victoria, em 2004, e Pietro, em 2005]. Eu fui falar com o Mion, playboyzaço, e ele me convenceu de que o programa [Legendários] ia ser do cacete, melhor que o CQC, melhor que o Pânico. Estava tão puto com a minha chefe na MTV que topei. Esperei a MTV me chamar pra renovar e mandei avisar que não ia. Um amigo que estava lá no dia da notícia disse que parecia que um piano tinha caído no lugar.
Como foi a reação geral quando você disse que ia para a Record?
Foi difícil. As críticas foram foda, uma pá de fã revoltado, mas eu me convenci de que era um pai de família, que tinha dívidas pra pagar, que queria que os filhos estudassem numa escola boa. Afinal de contas, nego vai me xingar do mesmo jeito, então o que importa?
E a música “Igreja Universal” continua atual?
“Igreja Universal” foi feita em 1990, vai ser uma música atual pra sempre, a gente toca até hoje.
Você teve problemas com o pessoal religioso?
Não, todo mundo lá me tratava bem. Eu tinha muito preconceito contra evangélicos, mas aprendi a não ter tanto. Conheci um monte de gente legal, as pessoas gostavam de mim, fiquei na boa.
Por que você ficou pouco no Legendários?
A proposta mudou. O Mion tinha me falado que seria um programa de humor inteligente, na linha do CQC, mas isso não deu audiência. Ninguém queria saber de nada inteligente. O público da Record, o que tá a fim de ver num sábado à noite? Se você é homem, quer ver bunda, se é mulher, quer ver homem de peitoral depilado. Fiquei sem ter o que fazer no programa, que virou um “sabadão sertanejo”.
Mas você cumpriu seu contrato até o fim...
Eu pensei assim: não vou me estressar, vou fazer o que pedem, liguei o foda-se e fiquei dois anos dando risada, jogando amendoim na bunda das mulheres. Cantei com Luan Santana, com Zezé Di Camargo, com Thiaguinho, dancei a “Boquinha da Garrafa” com a Claudia Leitte. Pus na cabeça que eu estava lá pela minha família, então era melhor aproveitar. E quer saber? Foi divertido pra caralho. Cantei “Galopeira” com o Luan Santana...
Como foi isso?
Me mandaram cobrir um rodeio em Limeira. Eu fui e conheci o moleque, é gente fina, me tratou superbem. Fui com o Luan Santana para o hotel e parecia que os Beatles tinham chegado: ele abriu a janela da van e caíram umas dez máquinas fotográficas pra dentro do carro, que as minas jogaram. No camarim, ele recebe todo mundo: a Miss Uva, depois um monte de deficientes, tira foto com todo mundo, o cara é profissa. Mas estava nervoso, não ia conseguir cantar careta de jeito nenhum. Perguntei pro Luan se não tinha um goró, ele me deu 1 litro de uísque, eu tomei tudo. Na hora de entrar no palco, eu tava bêbado que nem uma vaca. Mano, quando eu entrei no bagulho, parecia o palco do Pink Floyd: o baterista lá longe, o baixista do outro lado, o coral em cima de uma escada, longe pra caralho, e eu bêbado, sem entender nada. Pra piorar, me botaram um fone de ouvido de retorno, mas eu não sei usar aquilo e cantei tudo errado, fora do tempo, ficou uma merda. Só bêbado pra fazer uma coisa dessas. Mas é melhor que ter de acordar às 5 da manhã e ir pra uma fábrica.
E te encheram muito o saco no Twitter?
Muito. Mas não ligo mais. Se alguém viesse me encher o saco por ter cantado com o Luan Santana, eu dizia que também tinha cantado com o Extreme Noise Terror, Ramones, Exodus e Discharge.
Como está sua vida hoje? Como o sujeito que canta com o Extreme Noise Terror lida com o sujeito que canta com o Luan Santana?
A gente muda. Depois que você tem filhos, as prioridades mudam completamente. Eu nunca fui um cara ligado em dinheiro. Até conhecer a Vivi, eu gastava todo meu dinheiro em brinquedos. Ela chegou a fazer uma planilha, mostrando quanto eu gastava em besteira. “João, esse brinquedo custa o mesmo que um vaso sanitário pra nossa casa!” Mas nem quando eu era doidão eu ligava pra grana: uma vez o diretor do Gugu, Homero Salles, me chamou para uma reunião e disse que queria fazer um programa de TV comigo. Ele disse que meu salário ia ser de R$ 120 mil por mês, mais o disque-900, que daria uns R$ 180 mil. Olhei pra cara dele: 180 mil? Como assim? Com pouca grana eu já sou o maior louco, imagina se eu ganhar 180 mil? Morro no dia seguinte. E recusei.
Você tinha culpa de ganhar dinheiro?
Tive sim, mas hoje em dia não tenho. Uma vez a Pepsi me ofereceu R$ 400 mil pra fazer uma propaganda, mas tinha um problema: eu tinha de me vestir de Papai Noel. E eu era tão burro, que disse que não faria nem por R$ 1 milhão.
E hoje?
Se me oferecem R$ 400 mil? Faço comercial até pelado ou vestindo a camisa do Corinthians!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Art | Basel

estrela

Basel 
13-16 junho de 2013

Bem-vindo ao primeiro show de arte de seu tipo para obras modernas e contemporâneas internacionais, trazendo mais de 300 galerias de líderes de todo o mundo para o coração da Europa. A exposição inclui as pinturas da mais alta qualidade, esculturas, desenhos, instalações, fotografias, vídeos e obras editioned.Basel tem uma localização única na fronteira entre Suíça, França e Alemanha. Com sua classe mundial museus, teatros, salas de concerto, cidade medieval, e nova arquitetura, que classifica como uma das mais fascinantes cidades culturais da Europa.

SOBRE O SHOW

Mais de 300 principais galerias da América do Norte, América Latina, Europa, Ásia e África mostram o trabalho de grandes mestres da arte moderna e contemporânea para a mais recente geração de estrelas emergentes. Cada meio artístico é representado: pinturas, esculturas, instalações, vídeos, múltiplos, impressões, fotografia e performance. Para saber mais,clique aqui. 

PRESENTES NO SHOW

Art Basel atrai dezenas de milhares de visitantes - colecionadores, galeristas, artistas, curadores, apreciadores de arte - de todo o mundo que vêm experimentar a arte da mais alta qualidade moderna e contemporânea, incluindo obras de artistas de renome e artistas emergentes. Para se juntar a eles em 2013, clique aqui. 

EXPONDO NA MOSTRA

Art Basel está fortemente enraizada no princípio de que as galerias desempenham um papel essencial no desenvolvimento e na promoção das artes visuais, e nossos setores são, portanto, cuidadosamente definidos para oferecer oportunidades para os visitantes para ver muitos tipos de exposições.Para mais detalhes e formas de aplicação, clique aqui. 

CATÁLOGO ON-LINE

Nossa Art Basel 2013 catálogo on-line permite que você ver obras de arte reais de 
diferentes setores do show, e fornece informações sobre o artista, a 
galeria ea localização estande. Também é fornecido um formulário de contato para 
facilitar a entrar em contato com o expositor.  

Faça download do nosso aplicativo

Aplicativo móvel da Art Basel fornece informações essenciais sobre o show, incluindo um mapa 3D interativo e eventos listagem.



domingo, 5 de maio de 2013

Há uma nova geração de jovens saltitantes de Trens da América

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Desde o impeachment de Fernando Collor, em 1992, o Brasil não vivia momentos tão efervescentes como agora, ainda que motivos não tenham faltado para que o povo fosse às ruas antes. De escândalos políticos como o do mensalão, a partir de 2005, a diversos crimes do colarinho branco praticados por pessoas dos mais diferentes setores e que devastaram cofres públicos, a população assistiu de longe ao Brasil avançar em campos como o econômico, enquanto abandonava áreas básicas como educação, saúde e segurança. Mas, afinal, o que faz com que uma nação acorde depois de tantos anos e volte a tomar as cidades para protestar contra a opressão do sistema?
Segundo o historiador Voltaire Schilling, que vê nestes protestos de 2013 semelhanças com a passeata que reuniu mais de 100 mil pessoas contrárias à ditadura em 1968, nunca se sabe. "Na ditadura, sabia-se perfeitamente. Hoje, não", comenta o professor, que vê no movimento atual traços claros do anarquismo. "Se vê a hostilidade completa a qualquer político profissional. Esses jovens não se identificam com nenhum dos cerca de 30 partidos que existem. O anarquismo se revolta contra as instituições vigentes. Os ataques são contra prédios que representam o poder. Mesmo que nem todos saibam, esses jovens estão agindo de acordo com os preceitos anarquistas", avalia.
Pode haver uma reação fascista mais tarde. Em 1968, resposta foi o AI-5
Para Voltaire, há ainda uma clara influência da Primavera Árabe agindo nos protestos nacionais. O perigo, destaca, sempre é a resposta que o Estado pode acabar dando. "Pode haver uma reação fascista mais tarde", alerta o historiador, ao lembrar que, em 1968, a resposta às manifestações populares foi o Ato Institucional Número 5 (AI-5).
Leia a seguir a entrevista completa com o historiador Voltaire Schilling.
Terra - Há muito tempo o Brasil não vivia momentos tão agitados como agora. Nos anos 1960, tivemos marchas contra a ditadura. Nos anos 1980, o Diretas Já. Menos de 10 anos depois, os Caras Pintadas. Por que um país que já havia experimentado o gosto de ir às ruas protestar fica tanto tempo desmobilizado? O que acaba se tornando a gota d'água para que o espírito de luta reapareça?
Voltaire Schilling - Na verdade, nunca se sabe. Na ditadura, sabia-se perfeitamente. Hoje, não. Não há um inimigo único. É um conjunto de fatores. Os protestos não querem, por exemplo, derrubar a Dilma, ou o Alckmin, ou o Cabral. Até pode ter grupos menores querendo isso, mas a massa mesmo protesta contra coisas mais genéricas. Há um mal estar profundo com casos de corrupção, com a ineficácia do mundo político perante o cotidiano da população, em que, por um lado, se produz gastos extraordinários, por outro, se faz a população sofrer com a falta de qualidade em serviços básicos - ainda que, se fizermos uma retrospectiva história do Brasil, estamos relativamente bem: o Brasil continua crescendo, mesmo que não seja a um ritmo excepcional; tem inflação, mas ela não impede que se tenha pleno emprego. Em outros momentos, essas ondas de protestos ocorriam em momentos de instabilidade geral, de pleno desemprego, superinflação...
Baixar o preço da passagem é possível, mas as outras bandeiras são de difícil verificação. Chega de corrupção? Claro que chega! Ok, mas como vamos medir isso?
Terra - De que forma temos que olhar para esse foco múltiplo que abastece os protestos?
Voltaire
 - Primeiramente, temos de analisar os aspectos de ordem interna. E, internamente, o movimento tem características anárquicas. Não no sentido de baderna gratuita, que fique claro, mas da filosofia política, da ideologia do movimento. Veja a bandeira deles: são contra partidos e contra todas as formas de organização que possam representar repressão. Eles não participam de eleições, por exemplo. Não se identificam com nenhum dos cerca de 30 partidos que existem no Brasil. Eles pregam a hostilidade completa aos políticos profissionais, decorrente dessa não identificação com partidos. Tanto que os políticos sequer ousaram aparecer nos protestos. Pelo menos não se vê nenhum governador, prefeito, vereador, deputado, ministro... Se aparecerem, provavelmente serão vaiados ou até mesmo, espancados [o MPL condenou ataques a grupos políticos]. Não há qualquer identificação da massa com partidos políticos de nenhuma expressão da classe política profissional. Classe que ficou completamente à margem desse processo, e assim vai continuar.
O QUE É ANARQUISMO?
Teoria social e movimento político, com presença atuante na história ocidental durante o século 19 e na primeira metade do século 20, que sustenta a ideia de que a sociedade existe de forma independente e antagônica ao poder exercido pelo Estado, sendo este considerado dispensável e até mesmo nocivo ao estabelecimento de uma autêntica comunidade humana; qualquer ataque ou afronta à ordem social estabelecida ou aos costumes reinantes.
Anarquia socialista: vertente clássica e hegemônica do anarquismo teórico e prático que preconiza a substituição da propriedade privada e do poder estatal por uma organização social baseada na coletivização dos meios de produção, na democracia direta (não representativa), e na autonomia política e econômica de pequenas comunidades confederadas.
Fonte: Dicionário Houaiss
O anarquismo se revolta justo contra as instituições vigentes. Veja que os ataques são, majoritariamente, contra prédios que representam o poder: prefeituras, Alerj, Congresso Nacional, sedes de governos estaduais. Mesmo que nem todos esses jovens saibam, eles estão cumprindo um programa anarquista, agindo de acordo com os preceitos anarquistas. Se olhar o simbolismo, verá que as características da anarquia são claras.
Não adianta um grupo se reunir com o Haddad para negociar, por exemplo, pois esses protestos não possuem um cérebro, um líder. Esses jovens do Movimento Passe Livre representam apenas alguns dos centenas de grupos que se uniram para fazer as manifestações, e sempre vai haver alguém para dizer que eles não o representam. Os grupos são multifacetados, e há anarquistas pacifistas e violentos. Sempre houve esse conflito interno.
Como não existe um cérebro por trás controlando, você nunca vai ter o controle sobre a massa. Uma parte sempre vai se sentir prejudicada, não representada.
Por isso é tão difícil um diálogo entre as partes?
Voltaire
 - É muito difícil. Vai dialogar com quem? Com a multidão? No dia da inauguração do Estádio Nacional Mané Garrincha, a Dilma pediu para o Gilberto Carvalho ir até o lado de fora conversar com manifestantes que protestavam. Mas quem disse que ele foi ouvido. É impossível. Aliás, nem é esse o objetivo de uma manifestação. Naquela hora, não é diálogo que se quer, é protesto.
Pela primeira vez, a esquerda está no poder e se vê excluída dessas manifestações
Terra - Que semelhanças o senhor vê entre essa mobilização e outras que ocorreram no Brasil?
Voltaire - Esta lembra um pouco a manifestação de 1968, que também desprezava a classe política, inclusive aquela dos que pertenciam ao MDB, pois achavam que estes eram coniventes com a ditadura. A juventude não se articulou com os políticos.Um elemento completamente novo no cenário atual é essa espécie de descrença na esquerda. Em 1968, houve uma revolta popular contra a direita. Agora, os manifestantes hostilizam também a esquerda. E, pela primeira vez, a esquerda está no poder e se vê excluída dessas manifestações - com exceção, talvez, de pequenos partidos de esquerda, mas até esses já estão sendo rejeitados pela massa. Há uma revolta contra a esquerda e os partidos de centro-esquerda.
Rio: monumento foi pichado com símbolo anarquista Foto: Cynthia Cavalcante / vc repórter
Rio: monumento foi pichado com símbolo anarquista
Foto: Cynthia Cavalcante / vc repórter
Terra - É cedo para falar em uma "Primavera Brasileira"? O que o senhor acha dessa comparação?
Voltaire
 - Tem uma força muito grande agindo que é o mimetismo, a vontade de querer imitar aquilo que vemos. Grande parte da juventude brasileira viu o que aconteceu na Tunísia, no Cairo, e está vendo o que está acontecendo na Turquia. E isso tem um peso muito grande. Não passa um a dia sem que a mídia noticie um acontecimento nesses lugares. E olha que o Erdogan não é ditador, ele foi eleito. Mesmo assim, está recebendo uma carga de protestos gigantesca.
Então, faz parte desse cenário de globalização sofrermos influências de outros lugares. É bem aceitável a comparação.
Terra - Que relação se pode fazer com o fato de o Brasil estar sediando grandes competições esportivas?
Voltaire
 - Olha o que se gastou em estádios. É como se estivéssemos construindo uma nova Brasília. Termos estádio novo em Manaus, em Fortaleza, no Distrito Federal, em Salvador, além de outros que foram reformados, como o Maracanã. Isso exige muito gasto interno, de infraestrutura, reforma urbana. E isso também exerce uma pressão inflacionária, como na época em que se construiu a capital federal. E os efeitos disso, dos gastos e, depois, do que fica, nós só vamos sentir muito mais tarde. Não há país no mundo que não seja atormentado por um índice inflacionário com gastos tão altos como esses.
Terra - O que pode mudar no Brasil a partir desses protestos?
Voltaire
 - Pode haver uma reação fascista mais tarde. É uma possibilidade. Tem que cuidar para não levar isso como em 1968, quando o movimento foi indo até que a resposta foi o AI-5.
Movimento não se identifica com nenhum dos cerca de 30 partidos que existem no Brasil
Imagina uma cidade como São Paulo em que as pessoas não conseguem mais chegar em casa por causa dos protestos. Uma hora aquele grupo que não vai às ruas, silencioso, começa a se mexer.
Terra - Por que as manifestações foram mais fracas no Nordeste?
Voltaire
 -
Tem sido a região do Brasil mais favorecida com a administração da esquerda. Desde o governo João Goulart, que criou a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) para, de alguma forma, gerir a prosperidade lá. Ela arrecadava recursos no sul e distribuía recursos no Nordeste. Essa bandeira foi retomada nos governos Lula e Dilma, para atenuar as enormes diferenças que existem entre as regiões do País. É só você pegar os indicadores do Nordeste para ver que são muito ruins. Comparando com o restante do Brasil, é como colocar lado a lado números de África e Europa.
Por isso a contestação não existe na mesma dimensão no Nordeste. Os maiores dependentes do Bolsa Família você vai encontrar lá. É onde tem mais desvios de verbas públicas através de projetos fantasmas.
Nem o ônibus escapou da pichação anarquista Foto: Fabio Santos / Terra
Nem o ônibus escapou da pichação anarquista
Foto: Fabio Santos / Terra
Terra - Normalmente, quando movimentos assim começam pelo mundo, o que vem a seguir?
Voltaire
 - Todos os movimentos que ocorreram pelo mundo se esvaíram por si mesmo. No que deu o Occupy Wall Street, em Nova York? Ou o Los Indignados, na Espanha. Em nada. Na Grécia também, ainda que em outras circunstâncias.
Agora, nos países árabes foi diferente. Mas lá havia uma causa muito palpável. É muito mais fácil ter um inimigo facilmente identificável. Mas, voltando, quem é o inimigo aqui no Brasil, que permita um catalisador dos movimentos? Os Caras Pintadas tinham o Collor. Pediram que ele renunciasse, o que ele terminou fazendo. Mas agora, ninguém está na rua para derrubar um governador específico. A perspectiva é gradativamente ir sumindo o movimento. A democracia tem essa característica. Você concorda com o movimento, acolhe ele, mas ele vai se esvaziando com o tempo.

domingo, 24 de março de 2013

Protestos contra o deputado chegam a Berlim


Um grupo de manifestantes reuniu-se neste sábado em frente ao Portão de Brandemburgo, em Berlim, para pedir a renúncia do deputado do cargo

Os manifestantes enfrentaram o frio da capital alemã para protestar contra o pastor Foto: Reprodução
Os manifestantes enfrentaram o frio da capital alemã para protestar contra o pastor
Foto: Reprodução
Manifestantes de várias nacionalidades enfrentaram o frio da capital alemã para protestar contra a permanência do deputado e pastor Marco Feliciano na presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Um grupo de manifestantes reuniu-se neste sábado em frente ao Portão de Brandemburgo, em Berlim, para pedir a renúncia do deputado do cargo. Cerca de 80 pessoas de diversas nacionalidades participaram da iniciativa, de acordo com os organizadores.
A manifestação foi promovida e divulgada por brasileiros pelo Facebook. Os organizadores consideraram a iniciativa um sucesso. "Apesar do frio, muitas pessoas vieram protestar", disse o cientista social Pedro Costa, que participou da organização do evento.
Pastor Marco Feliciano pede senha de cartão para fiel; vejaClique no link para iniciar o vídeo
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O protesto tinha como objetivo divulgar à comunidade internacional o repúdio à eleição de Feliciano. Costa acredita que manifestações realizadas em cidades de outros países pressionem mais o governo brasileiro. "Nós sabemos que protestos internacionais têm mais peso e são mais vergonhosos do que os protestos que acontecem no Brasil", explicou.
No início deste mês, o deputado e pastor evangélico Marco Feliciano foi eleito presidente da Comissão de Direitos Humanos. Sua eleição causou indignação entre defensores dos direitos das minorias. Feliciano é acusado de racismo e homofobia por declarações públicas em relação a negros e homossexuais.
Deputado acusado de racismo e homofobia pede voto de confiançaClique no link para iniciar o vídeosmo e homofobia pede voto de confiança
Desde então, protestos contra a eleição estão sendo realizados em várias cidades do Brasil. A pressão pela renúncia de Feliciano aumentou na semana passada, após uma conturbada sessão da comissão na qual o deputado perdeu também o apoio de integrantes do seu partido, o Partido Social Cristão.